Para ler a primeira parte do post, escrita há mais de um ano, clique AQUI.
Há quase uma década assisti a um Programa do Jô (acho que era o “Onze e Meia” ainda) onde ele decantou algo interessante, se referindo ao Dr. Enéas (aquele político, já falecido, que terminava seus programas eleitorais com bordão “Meu nome é Enéas!”):
Alguns políticos falam dois minutos e não dizem nada. O Doutor Enéas fala dois minutos em quinze segundos.
Aquela frase nunca me saiu da cabeça: “Ele fala dois minutos em quinze segundos”.
Era a confirmação do que eu já há muito sabia e lera: o tempo, definitivamente, é relativo, e o que se faz nele não pode ser medido no relógio ou calendário. Já postei aqui que o tempo pode passar sem que nada aconteça.
E aí, fica impossível esquecer alguns professores que tive na faculdade (lá se vão mais de 20 anos). Um ou outro caxias absoluto entrava na sala no segundo preciso do início do tempo, e só saía após o último momento do tempo de aula. Mas por vezes não falo em meia hora de matéria naquelas duas horas de presença na sala, se falava, não dizia, e quando dizia, repetia; ou seja: o cara estava formalmente no horário, mas a aula não tinha nem vinte minutos do conteúdo. Entre chamada, vida pessoal, causos de turmas anteriores, elucubrações de atualidade e, claro, a re-chamada para o caso do que esqueceram de responder à primeira lista, lá se iam duas horas…
Se é possível encher duas horas de vazio, se pode abrigar duas horas de informação em um hora, ou por vezes menos.
Como ainda não domino a arte de enrolar, entro na sala e vou direto ao assunto do dia, esgoto-o e saio. Isso mesmo:
- Entro no assunto;
- Esgoto o assunto; e
- Saio.
Isso significa que cumpri as absolutas 80 (ou 40) horas de sala de aula em sala, certo? Errado! Sou um indisciplinado em relação a Cronos: nunca entro no horário em sala, muito menos termino a aula só após o fim do tempo (como uns antigos professores da ´UA´ antigamente).
Falo duas horas em uma hora e vinte minutos por aí. Como devo estar deslocado no tempo e no espaço – mais no espaço que no tempo, neste caso – achei que estava conseguindo.
Como sempre me liguei no resultado – nesses 11 anos ainda não reclamaram – já nem lembro quando bati uma entrada ou saída; sempre confiei que havia alguém inteligente focado no resultado também, mas do que eu dever estar em sala do primeiro ao último momento do tempo de aula. Se não por questões prática, os Princípios Constitucionais de Proporcionalidade e Razoabilidade já autorizariam entrar em sala logo depois do início e sair antes do fim.
Não, no way.
O fato é que agora preciso – Nem sei como conseguir isso, mas estou pensando em como obter tais proezas – talvez comece a fazer chamada (duas né, demora mais…), puxe mais dúvidas dos alunos, tratar sempre sobre algum assunto do Regimento Interno da Instituição, levar o assunto tratado para algum fato do passado-presente-futuro. No início é difícil eu continuar falando muito mas em muito tempo; depois – só depois – pode ser que eu estabilize algum método de encher o tempo inteiro de aula com algo que não dê sono. Contarei aqui quando e se conseguir, o como.
Não sei, o fato é que preciso encher todo o tempo de aula, vou conseguir.