Era 2010. Os Rolling Stones tiveram a ideia de relançar um disco de 1972. Bem, não só relançar, mas reinventá-lo mesmo.
O disco foi remasterizado, anexado faixas além das da época do original e, ao que se lia na ápoca, até gravado vocal em algumas músicas das novas faixas; não tenho ideia de alguma banda fazer isso, é como se regravasse sem regravar. Um Relançamento que não era apenas um relançamento (note que o primeiro está com “R”, e o segundo está com “r”). Eu já tinha visto gravadoras relançar discos em versão “de luxe”, “legacy”, mas… a própria banda reinventar algo seu, sem ser uma roupagem ao vivo (ou acústica)… – essa foi a primeira vez.
Esse disco era o Exile on Main St. Um album duplo lançado pela banda em 1972. Na época recebido com frieza mas que, ao longo do tempo, foi se firmando como umdos discos de rock mais importante da história. Achei a ideia tão fantástica que não fiquei só nos MP3, comprei o disco mesmo. Até comprei mais um, para presentar a minha namorada na época minha lógica de presente é simples: precisa ter a cada de quem entrega e não de quem recebem para que lembre quem presenteou (tenho um post sobre isso AQUI);
A divulgação em 2010 foi maciça: Reportagem de várias páginas na revista Rolling Stone, reportagem na Veja. Foi lançado um filme-documentário sobre o disco e até um livro sobre ele foi lançado na época (o “Uma temporada no inferno com os Rolling Stones, que eu leria e resenharia anos depois, AQUI).
O disco tem uma aura própria: o som é embolado, pessimamente captado pelos microfones, mixagem mais sofrível ainda, quase sem graves (o baixo do Bill Wyman quase inexiste), vocal bem baixinho (bem, no meu disco “As Cordas, Eu e o Nada” também está com vocal assim); com guitarra solo e bateria em primeiro plano. Tudo com um aspecto meio sugo e como e fosse gravado com um gravadorzinho de mão com fitas cassetes. Bem, pensando bem: se não fosse assim, não seria um som dos Rollings Stones…
Embora se alardeasse que fora gravado no sul da França, em Nelcotte (uma casa alugada por Keith Richard), depois li que só o início e algumas partes dle foi gravado lá – mas, ao menos quanto às pistas de sax (do Bobby Keys), podemos mesmo escutar uma ambiência de casarão no som.
Algo intriga nesse disco: à primeira audição ele nem nos cativa de imediato, mas depois que se vai ouvindo repetidas vezes, se começa a gostar e se fica ouvindo-o e ouvindo-o, até porque é um disco longo (um disco originalmente duplo e mais os extras, em dois CDs).
Rocks Off – A música que abre já joga energia no peito de quem escuta. Animadíssima, até a metade, quando cai em um “momentum” estranho, que depois detoma a animação até o fim.
A que mais gosto: “Loving Cup” –
Uma bem legal é a “Ventilator Blues” – tem um refrão simples e marcante, é marcada, como se fossem passos;
Uma música emblemática desse disco é a “Happy”, acho que a mais conhecida;
A música que mais gosto é “Loving Cup” – Mas a melhor versão dela é a que está no CD 2, e qu enem foi comercializada na época. É a versão limpa, se, os overdubs – está muito melhor que a versão oficial, do CD 1. Assim como fica melhor a versão alternativa de “Soul Survivor”, outra música que, embora não sendo agitada, tem um balando incrível, a cara dos Rolling Stones dos anos 70.
A capa é um show à parte, sendo uma colagens de fotos non-sense. Podemos ficar dezenas de minutos tentando enternder cada uma daquelas fotos – sem entender nada.
O título é bem apropriado: eles gravaram o esqueleto do disco enquanto estavam auto-exilados por questões fiscais – talvez daí o título se referir a exílio. Aliás, as fotos do livreto que acompanha o CD parecem contar mesmo a história de tudo: mostra a banda no porão de Nelcotte em plena criação, tudo em preto e branco sombrio.
Apesar de eu já haver escutado mais de dez vezes o disco inteiro, ainda não o assimilei bem – mas já sei que é uma das trilhas-sonoras da minha vida, certamente.