Foi o mais próximo que consegui chegar da caracterização desse instituto complexo chamado “saudade” – um sentimento que congrega vários outros sentimentos ao mesmo tempo.  É uma reunião de quatro entes:

LEMBRANÇA – É sentir, de forma voluntário ou não, o registro do alvo da saudade, saber que aquilo existiu. O “alvo da saudade” pode ser alguém ou algo; nem toda lembrança é saudade, mas toda saudade contém lembrança;

VONTADE – De reviver o alvo da saudade, decorre da emoção (amizade-paixão-amor-alegria deixado pelo alvo da saudade); surge como que de imediato. Pode ou não haver a possibilidade de re-ocorrência do alvo da saudade (o que se chama de “matar saudade”);

AMBIÊNCIA – Se pode reviver o momento-local-temperatura-som-cheiro-cores-vozes-palavras-sons-luz-movimentos do que for relacionado ao alvo da saudade; por vezes a ambiência vem automaticamente junto com a lembrança, por vezes, não; algo (como fotos ou dezenas de outras coisas) ou pessoas podem potencializar, ou disparar, a ambiência;

TRISTEZA – Só está presente quando se tem a certeza de que não haverá novamente como se reviver o alvo da saudade; aliás, é essa possibilidade que determina se a saudade é boa e gera ansiedade, ou é ruim e gera tristeza – além disso, algo estranhíssimo ocorre aqui: saudade é a única situação, penso, em que se sente tristeza enquanto se esboça um sorriso quando se revive a lembrança.

 

Obs,: Acho que consegui definir, consegui? JAMAIS! Como tudo o que é abstrato, a redução a palavras se torna impossível, o máximo que podemos fazer é tentar aproximar a ideia do significado, nada além disso.