Ode à fita cassete

Esse post não é para as pessoas da minha idade, mas para a geração depois da nossa, os que tem até 30 anos.

Essa geração não chegou a usar as fitas cassetes. Eu sei, também não acredito nisso, mas é verdade.

A geração 80 teve nelas a mídia gravável. Eram os cassetes, existentes desde a década de 60 criados pela Phillips, mas trazidos ao mundo comercial só lá pelos 70’s, logo tomaram a indústria, substituindo as grandes, pesadas e desajeitadas fitas de rolo.

Na verdade, eram fitas de rolo, mas em formato diferentes. Agora eram dois carreteis pequenos em um invólucro; do tamanho de um celular (10×7), que continha os dois carretéis.

Espessura da fita: 1/8 de polegada. Três durações (as mais comuns no mercado): 30, 60 e 90 minutos. Dois lados, cada lado com metade desse tempo.

Velocidade única.

Três revestimentos da fita: Normal, cromo e metal. Nesta ordem, cada uma com o som melhor (leia-se mais limpo, com menos chiado) e, se dizia, com melhores graves e agudos.

Bem duráveis, tenho umas com quase 30 anos e ainda tocam.

A vantagem (trazida na época) é que era infinitamente graváveis e portáteis. A desvantagem era no momento de procurarmos alguma faixa nelas, já que não podíamos ver a gravação, só nos restava calcular visualmente pela quantidade de fita do carretel (!). Nos toca-fitas mais modernos, havia um marcador de tempo, nos mais antigos, um contador de giro.

Entre 1984 e 1986, ante de usarmos disquetes pra gravarmos programas de computadores, usávamos tais fitas para gravarmos os programas por nós digitados também (comeados “save” e “load”).

Ouvíamos essas fitas tanto em aparelho modulares “toca-fitas”, como em aparelhos portáteis, que chamávamos gravadores. Incialmente eram horizontais, depois verticais (ambos com uma caixa de som, apenas), e no início dos 80’s surgiram os gravadores com duas caixas (se popularizaram com o “break”, pois víamos muito rodas de dançarinos usando esses toca-fitas estéreos nas ruas, em rodadas de break); por último, haviam os WalkMans que, embora o nome seja originada da Sony, virou sinônimo (metonímia) de toca-fitas portátil (chamados, logo no início da década, estranhamento, de “radiofones”, não sei porque).

Vez ou outra um toca-fitas engolia a fita, sim o capster rodava sem que o outro carrretel não recolhesse a fita, resultado: quando tirávamos o invólucro, saia puxando a fita, aí, entrava em cena a ferramenta indispensável: uma caneta bic ou um lápis sextavado.

Lá nos levava de minutos enrolando o carretel da fita (ou simplesmente colocávamos a fita na caneta, segurávamos firmemente esta e a própria fita girava, recolhendo a fita engolida). Ritual normal para quem tem quase 40.

Cada lado da fita tinha uma lingueta que, presente, permitiam a gravação. Quando queríamos proteger contra gravações acidentais, simplesmente tirávamos as linguetas de plástico, mas poderíamos voltar a gravar na fita se colocássemos uma fita adesiva tapando o vazio, fazendo as vezes da lingueta.

As fitas era o máximo que tínhamos par piratear discos nos 80. Ou gravávamos cada lado do disco em um lado da fita (e aí surgiria um problema: sobraria espaço em cada lado da fita) ou colocávamos as faixas contínuas, e aí havia outro problema: sobrava muita fita no Lado B, e o Lado B do disco ficaria dividido entre os lados da fita.

Assim como os discos de vinis, haviam as industrializadas pré-gravadas, essas já vinham com rótulo, capa, e já sem as linguetas que permitiam regravação. E vinham em pequena duração (o correspondente ao vinil), agora com a duração exata de cada lado do disco, em cada lado da fita.

As fitas prevaleceram até início dos anos 2000, quando houve a ascensão dos arquivos MP3 Com a possibilidade de gravar e ouvir músicas nesses arquivos, muito mais prático. Rápido e eficaz, as fitas perderam seu sentido de existências, e ao pouco foram virando “lixo” em nossas casas.

Hoje, algo que já nos foi tão presente parece um passado de décadas, ainda que fosse “ontem” que ouvíssemos esses objetos.


9 thoughts on “Ode à fita cassete

  1. Professor, eu tenho 28 anos e ainda cheguei a lidar com essas pequenas maravilhas… acho que até 1999 eu comprava fitas cassete TDK, idênticas à da 1a. foto, para gravar músicas das rádios (principalmente a Jovem Pan), na época do boom da música pop. Emprestava algum CD de um amigo, comprava a fita e ia gravar: assim era a pirataria pré-MP3. Bons tempos!

  2. E aí cara, show de bola teu blog, gostei, olha só, nada se compara a fita cassete, o CD e o mp3 embora práticos e atuais, rouba muito do original da música, devido a digitalização da mesma, procura escutar a mesma música no disco de vinil, na fita, e em qualquer mídia digital e tu vai ver a diferença, no disco e na fita é de longe bem melhor, possuo em torno de 100 discos e 2.400 fitas aproximadamente e já fiz esse teste, não troco ambos de jeito nenhum, se pra maioria é passado, pra mim é um presente eterno, ah, já apaguei várias fitas de gravadora ( as pré gravadas ), são as melhores pra fazer isso, possuo vários modelos, desde a tradicional até as coloridas, claro, tenho três Senhores aparelhos de som, do tempo que fabricavam pra durar o resto da vida, os meus: um CCE SS 430 Stereo System ano 1987 de um deck e dois CCE SS 440 Stereo System anos 1986 e 1987 de dois decks, queriam comprar de mim, mas não vendo, foram os melhores modelos que a CCE fabricou, clássicos, é isso, parabéns pelo teu blog, valeu, um abraço !

  3. Os Senhores sabiam que hoje em dia ainda há uma fabrica, na Europa que as produz de forma industrial ? somos nós !
    e é um mercado em “lenta” ascensão !
    já produzimos e enviamos cassetes para o Brasil .

    vejam os videos, vale a pena .

    saudações analogicas .

  4. Não sei o por quê de tanta ênfase em qual faixa etária foi a única a usar isso. Tenho 20 anos e também usei, nada disso aí me é estranho. Pra quem era pobre (a maioria) era muito normal usar os toca-fitas nos ’90s e ’00s. Tanto que nas lojas, até 2006-08, ainda tinham vários toca-fitas de vários modelos, assim como até lojas de fitas pré-gravadas de artistas, como você citou.

  5. Caro Marcos, sobre as opções de durações das fitas, vc acertou em parte. Haviam as de 90 minutos, as de 60 minutos, mas as de menor duração eram de 42 minutos, e não de 30. Não sei o porquê desta “quebra aritmética”, talvez porque 42 minutos seja o tempo máximo de gravação de um disco LP, estou certo? Não sei. O mais engraçado é que no final dos anos noventa chegaram a fábricar fitas cassete de 72 minutos, feitas pra quem quisesse gravar de um CD para a fita. Mas tiveram vida bem curta no mercado.

    1. Uma pequena correção, as fitas cassete de menor tempo de gravação tinham 46 minutos. Não eram 30 nem 42, mas 46 minutos.

  6. q nada, tenho 24 anos e desde criança sempre usei fitas k7, um dos motivos foi a falta de condições q tinhamos pra comprar reprodutores de CD, só por volta de 2007 que as pessoas por aqui começaram a usar cd por causa da pirataria, ´só eu continuei usando fitas, em pleno final de 2018 eu ainda as gravo, pego musicas na NET e gravo em k7, pois fora do PC ñ tenho nenhum aparelho que reproduza mp3 nem CD.

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