“Whoosh!” – Disco novo do Deep Purple

Esse início de agosto nos trouxe o lançamento do disco novo do Deep Purple, com mais de 52 anos, a banda ainda nos manda rockão no peito, no moesta que o rock resiste ás músicas do momento e mantém-se vivo, seja com os dinossauros, seja com os ouvintes que buscam nele o refúgio da boa música meio sumida nesses tempos.

Dá para notar que por trás da imagem de respeitáveis senhores ainda estão os jovens roqueiros de outrora, jogando na cara de todos que os sons passam, mas o rock resiste, não se importando se está popular ou não.
O Deep Purple também nos ensina a fazer lançamento em época de streaming, nas próprias plataformas mostraram também o produto físico, avisando que aquilo é um disco, um álbum, um obra complexa em que cada faixa é parte do todo, e não apenas um monte de arquivos de áudio lançados sob uma imagem se fazendo de capa. É sempre bom ver obra nova de banda que gostamos a vida inteira, nos lembra quando comprávamos o discão na loja e íamos para o quarto escutar na expectativa. E vindo dessa banda clássia, ajuda a mostrar que esse papo de que “os tempos áureos do Purple foram os anos 70” é pura balela. Estão aqui, vivos e tal como no “Machine Head”.

Minha impressão faixa a faixa:

  1. Throw My Bones – É a música corretamente escolhida para puxar o resto do disco, a banda já se ostra aquela dos anos 70, deixando transparente que só a tecnologia mudou o som, mas a força ainda está lá. Um hit, pronta para rádio (ainda se escuta música em rádio?).
  2. Drop the Weapon – A bateria está com a caixa ferrática, como se batendo no peito mesmo. É vibe como se fosse gravada em 1972; dá vontade de escutá-la andando de moto na estrada.
  3. We’re All the Same in the Dark – Sentimos falta do timbre sujo de teclado, que fica com som de órgão Casio de churrascaria (embora percebamos que a linha do início é de peso). Cumpre bem a função de terceira música, que é a de convencer o ouvinte a continuar escutando o disco.
  4. Nothing at All – Só a introdução com a guitarra e o teclado já valeria a faixa e se parasse aí já seria um ótimo número, mas a faixa não decepciona e honra a ótima abertura, tornando-se uma dentre as melhores do disco.
    É uma balada R&B anos 50 com o arranjo Purple, feita para grudar, e gruda mesmo; nem bem termina já temos vontade de ouvi-la novamente.
  5. No Need to Shout – O início nos traz o nostálgico e marcante teclado com o som do velho Jon Lord (temos a impressão de que vai iniciar “Perfect Strangers”, e a música pulsante nos leva ao Purple lá de 1976, com música cavalgada;
  6. Step by Step – Com início de bem estranho, a ouvimos porque sabemos que, se é Purple, algo de bom virá. Mas… bem… não vem, então acho que posso entregar a essa música o título de apenas “passável”, sem algo que a torne especial;
  7. What the What – É um heavy metal, na batida “Highway Star” deles e de “Paranoid” do Black Sabbath, mas a banda resolveu dar ao teclado a incumbência de sustentar a faixa, cumpriu bem a função, mas impossível deixar de imaginar essa música com base de guitarra pesada ao inés dos teclados;
  8. The Long Way Round – Solo arrebatador, logo e que conta uma história, bem diferente de notas tocadas ao acaso por fritadores, como vemos em guitarristas palhas fazendo, e o casamento do solo com o teclado ficou perfeito.
    Mas ouvido insiste em querer ouvir a guitarra com um ataque bem maior, como se fosse o antigo guitarrista Ritchie Blackmore tocando, mas o ataque real está mais suavizado. E os teclados muito eletrônicos nos fazem querer ouvir o teclado sujão do Jon Lord;
  9. The Power of the Moon – Colocaram tanto efeito na base e nos vocais (que até robótico ficou) que quase desfiguram a música. parece uma música descartável dos anos 80 feita só para ocupar lugar no lado B do disco de vinil, com tudo sendo tocado pelo produtor no teclado do estúdio. Mas toda essa impressão muda lá pela terceira audição: vira um perfeito exemplo de que um bom refrão pode salvar uma música e levá-la de algo morno a algo memorável. Até o refrão essa faixa tem nada de especial, mas a partir do refrão a música cresce, muda, gruda e passamos a achar o início, que parecia morno, muito legal! Como eles conseguiram isso, só eles sabem;
  10. Remission Possible – Está mais para vinheta do que para música, é só um instrumentalzinho para dividir o clima entre faixas ou servir de introdução à próxima faixa, sem mais nada a ser dito. (ainda bem que é só pouco mais de um minuto e meio);
  11. Man Alive – Música enrolada, parecendo uma colagem. Pode ser que depois de algumas audições se torne gostável, mas à primeira e segunda audição são quase quatro minuto que queremos que passe logo e nos faz perguntar porque eles gravaram essa faixa se podem fazer coisa tão infinitamente melhor;
  12. And the Address – Ala de coo se inicia uma música de rock, e o teclado está distorcidão como espera os fãs do Purple; a bateria soa pesada como que sendo tocada por John Bonhan. É instrumental e se garante, sem nos dar vontade de pularmos a faixa;
  13. Dancing in My Sleep – Início eletrônico com outra voz robótica, quase fabricada no computador. Parece que tentaram salvar uma música ruim fazendo nela um superprodução, mas conseguiam apenas uma música chata… superproduzida.
    Certamente a menos inspirada do álbum penso, mas ainda assim plenamente ouvível até por estarmos em boa impressão do disco inteiro até ela.

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