Lembro bem que, em uma das pós-graduações que cursei, um dos colegas havia sido supostamente traído pela esposa. Só o boato já o fez ficar sendo o tema das conversas nos intervalos e até com os professores; e quando ele adentrava à sala, todos olhavam, mudavam de assunto ou ficavam em silêncio. Um esposo traído portanto fica como que uma antena, ele percebe os olhares de rabo de olho, o volume das vozes sumindo, as conversas cessando, quando ele surge – é uma estranha sensibilidade que só os traídos possuem.

Bem, pelo que percebo, assim pensa um esposo traído:

1 – A autoestima vai para o chão. Não para de ver defeitos em tudo de si próprio, e acha que tudo o que faz ou pensa foi a causa de ter sido traído – no primeiro momento se acha culpado, e o único culpado, por tudo;

2 – Tem a certeza de que não vai sair da fossa, jamais, algo do tipo “voltarei a ser feliz de novo”?

3 – Se ele é apaixonado pela esposa, passa a duvidar que amará outra mulher novamente, algum dia;

4 – Como que por mágica, passa a não mais achar graça sobre qualquer piada ou menção a “corno”;

5 – Não para de pensar “por que eu?” – Ainda mais se achar que, ainda que com seus defeitos, não merecia tal destino, ainda mais se for fiel à esposa;

6 – Fica o tempo todo se perguntando quem sabe, quem já sabia e se todos à sua volta sabiam – sente na pele a frase “o corno é sempre o último a saber”; e

7 – Passa a ter vergonha de todos em volta, pois sabe que é apontado como o incompetente, que “se foi corno foi porque mereceu”, “não foi homem o suficiente”, “foi trocado”; ainda mais quando presencia o que escrevi na abertura desse post;