Sexta passada terminei de assistir à série Mad Man.
É incrível o sentimento de vazio melancólico que experimentamos sobre que terminamos de seguir uma obra. Seja série ou livro de ficção, fica claro que a emoção do durante é maior do que a emoção da conclusão, como se a experiência do caminho deixasse mais lembrança e divertisse bem mais do que descobrir o desfecho.
Enquanto seguimos uma obra mergulhamos nela, nos personagens, no mundo, sentimentos. Por alguns momentos saímos de nossas vidas e vivemos a obra.
Sempre ficamos na expectativa da próxima página, do próximo capítulo, do próximo episódio.
Ao terminar, nos sentimos órfãos, sozinhos, desamparados, e ficamos com o chão movediço, pois perdermos um dos esteios, que é justamente os nossos momentos de fraqueza e entrega em que nos encontramos na absorção da obra.
Sabemos que dali para frete não mais teremos aqueles elementos para nos tirar de nosso mundinho; e temos que nos despedir daqueles personagens e daqueles cenários; ao ponto de, por vezes, deixamos para concluir o livro amanhã, ou terminar de assistir a série em outro dia, só para prolongar a tensão da trama.
Ainda que reassistamos ou releiamos (sei lá se existe essa palavra…), a emoção não será a mesmo da primeira vez.
Em obras longas, sempre o fim nos faz lembrar de onde e como estávamos no início da obra, e nos sentimos como que se um círculo fosse fechado – e no futuro quando pensamos em tal obra, lembramos exatamente onde e como estávamos quando a estávamos acessando, já que a memória está mais ligada à emoção do que à apreensão.
Só nos resta ficar esperando que uma nova obra nos arrebata e nos leve àquele estado de envolvimento de novo que – inicialmente – até achamos que não haverá, mas, logo depois,
Surge uma nova obra a ser desvendada e, quando pensamos que não, lá estamos imersos na nova trama novamente…