Você gosta do “The Final Cut” do Pink Floyd? [resenha]

Gostar do “Final Cut” (Disco de 1983) é ter a impressão de gostar de algo que NINGUÉM gosta, e gostar de algo proibido, por vários motivos:

– É, materialmente, um álbum do Roger Waters, que é foco de muito ódio. E tenho tentado me manter à margem disso, sempre vendo e ouvindo Roger como músico – músico! nada mais. Então, espero não ser alvo secundário de quem odeia o Roger.

– É um álbum de Roger Waters com o nome de Pink Floyd na capa. Nessa época ele monopolizou a banda ou pela sua megalomania ou, simplesmente, porque os outros integrantes já não estavam nem aí, relegando a banda a um simples originador de dinheiro ou porque estavam interessados em suas carreisas solo.

– É o canto do Cisne do Pink Floyd como o conhecíamos. Ok, que se inicie as discussões se existe Pink Floyd Sem Roger Waters, por isso escrevi “como o conhecíamos”. ops! Na verdade, é um pós-canto do cisne, já que o tecladista Rick Wright já tinha sido chutado pelo afável Roger Waters. Então, ´se um disco que traz o peso (sem o sentido musical) do “fim”.

Gosto muito dele por tê-lo comprado naquele natal de 1989 depois de ficar quase um ano inteiro o vendo na vitrine da Importadora Amacom, então, o ouvi cheio de expectativa.

Adiantando sobre o conteúdo:

– É exceção da faixa “Not Now, John”, é um disco arrastado, melancólico, devagar quase parando.

– A melhor música do disco é a “The Final Cut”. Essa música-título é um monumento à perfeição. Ah, e a “Not Now John” é ótima para corrida, um ótimo dopping auditivo.

Vamos ao faixa-a-faixa:

“The Post War Dream” – Começa vindo do silêncio e termina em um ótimo refrão.

“Your Possible Pasts” – Começa arrastado, tem refrão com clima cheio, aí cai para o vazio e novo. Parece música para ser ouvida em quarto escuro (como muitas do Pink Floyd).

“One of the Few” – Música chatinha. Não… chata mesmo. Na verdade, muito chata! Uma vinheta arrastada, apenas.

“When the Tigers Broke Free” – Essa música não existia na versão original do CD, só vindo a surgir no disco depois (a versão do Spotify já a tem), era um single da época, lançado em separado naquele ano. Outra música bem arrastada e, como música (sem entrar no mérito da letra, que é um lamento pela morte do pai dele na II Guerra), e outra coisa arrastada e sonífera.

“The Hero’s Return” – Essa é arrastada também, mas ao contrário das duas anteriores… é bem legal!

“The Gunner’s Dream” – Música bem complexa. Destaque para como a voz de Roger se funde com o saxofone no primeiro terço da música. Dinâmica bem legal do calmo para o explosivo perto do fim da música, para terminar arrastado de novo.

“Paranoid Eyes” – Outra arrastação. Destaque para a partezinha da letra “Hide, hide hide…”, que gruda logo na mente e faz a música ser lembrada por isso.

“Get Your Filthy Hands Off My Desert” – Parece uma marchina cantada sem animação; como tem elementos de outras músicas, penso que é uma vinheta, algo para separar faixas.

“The Fletcher Memorial Home” – Outro lamento, sobre a II Guerra. Letra bem marcante, sempre lembramos do “bum bum… beng beng…” da letra. Solo do Gilmour em um dos raros momentos onde ele se faz notar no disco. Eu não gosto dessa música, mas é bem “a cara” desse disco.

“Southampton Dock” – Tem o pior de vários mundos. É arrastada, chata e acho que só foi parar no disco porque o Roger quis e pronto. Ah, mas tem uma função importante: a letra termina anunciando a melhor música do disco!

“The Final Cut” – Muito legal, disparado a melhor música desse disco! Tão boa que vale pelas ruins, a redenção do disco!

“Not Now John” – Rockão! Sem muito a dizer! Nos mostra que quando Roger quer ser roqueiro, consegue! Seja no refrão, nas quadras e na ponte… sonzão do caramba! Show!

“Two Suns in the Sunset” – Finalmente uma música que não seja arrastada! Tem a cara do Gilmour, mesmo cantada pelo Roger. É um pop. A música vai sumindo em um solo de sax fechando o álbum. Modo muito legalzinho de se terminar um disco.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *