Nós beatlemaníacos éramos alvo fácil para muita malandragem nos anos 80. Como havia pouca coisa no mercado, qualquer coisa vista era comprada.
Era 1987, acho, vi esse disco na Mesbla (não tenho certeza nem do ano nem do local). Comprei-o. Não havia visto essa capa e muito menos ela constava na lista de discos oficiais dos Beatles.
De cara já notei que o papel da capa era de péssima qualidade, quase um papel jornal mais grosso, áspero mesmo. Tudo bem, o conteúdo ainda podia valer…
Era um show ao vivo, com som longe e abafado. Horrível (mas vai ficar pior).
Ao escutar direito, notei já haver ouvido aquilo antes: era o “Live at Hollywood Bowl”! Só que pessimamente captado. Só o ouvi uma vez desde lá.
Até hoje não sei se foi o show captado de alguma fonte pirata da plateia (o que eu duvido) ou se era o próprio “Live at H B” simplesmente porcamente copiado.
Na contracapa, tudo cor de rosa com um texto cujas letras imitavam batidas à máquina.
O texto era assim: Finalmente no Brasil um dos discos mais vendidos e discutidos na Europa: “… and the Beatles Were Born (withTony Sheridan)”. Prá início de conversa, é bom que vocês se liguem, não se trata de um disco pirata; esse elepê foi vendido comercialmente na Europa (e vende mais do que banana em fim de feira) via Napoleon (uma das marcas mais conceituadas da Itália). Um disco e documento que relembra, num dos lados, os Beatles na fase pré-Ringo e, no outro, a loucura, o ouriço, a alegria de uma apresentação dos Beatles, algo até aqui inédito no mundo do disco…
de parabéns a CID, pelo esforço e pesquisa em trazer para o público brasileiro um pouco mais da história musical daquele que foi (e sempre será) o conjunto mia (quero dizer “mais” – é fogo reescrever à máquina) – o conjunto mais popular e completo musicalmente de todos os tempos.
Abraços, kisses, podem comprar que é quente – são os Beatles mesmo rapaziada. Blá, blá, bla…
(Assinatura Big Boy)
Depois, só bem depois, mais de 30 anos após, é que percebi que aquele disco era da safra do Big Boy! Simplesmente o mais legal radialista e DJ que esse país já conheceu! Rapidinho deixei de ver o disco como tapeação e passei a vê-lo como raridade, no mínimo, uma recordação daquele radialista que, talvez vendo uma fonte de renda extra, prensou umas cópias para uns incautos como eu comprá-los.