Eu disse isso em algumas salas nesse início de período, mas não disse para outras, então, escrevo aqui, até para ficar registrado.
A gama de alunos que tenho é imensa. Três faculdades, vinte e uma turmas, mais de setecentos alunos nas pagelas.
Acreditar que eu vou agradar a todos chega a ser ingênuo. Minha clientela (alunos), mormente nas faculdades particulares, é absolutamente heterogênea.
São duas as questões, a PESSOAL e a TÉCNICA.
Quanto à questão PESSOAL, posso citar a classe econômica, tenho alunos da classe AA à classe D. Já vi alunos que vivem de herança, que absolutamente nada fazem e possuem vida absolutamente confortável e, para preencher o tempo, foram cursar faculdade; enquanto tenho alunos que trabalham para pagar o curso. E não, a percepção desses dois alunos sobre mim não são iguais, uns me acham jogado, despojado, popularesco, exibcionista; outros me acham esnobe, metido, arrogante – depende de onde me veem. Veja que eu tive o cuidado de escrever “me acham” – eu, pessoalmente, não penso me enquadrar em nada disso. Aliás, independentemente de condição pessoal, nossos santos podem, siomplesmente, “não se baterem” e pronto, acontece.
Já na questão TÉCNICA, o problema aumenta. Tenho alunos estudiosos, aplicados, alguns que sabem mais do que eu na minha própria matéria, com “Q.I. 130 pra cima”, aqueles que se eu falar meia frase já entendem a frase inteira, que sequer precisariam de professor para chegarem a qualquer lugar. Assim como tenho alunos que mal conseguem elaborar um único pensamento, não importa o quanto eu ensine dez vezes algo, não aprendem, ou por déficit de atenção ou por cognição limítrofe mesmo “Q.I. 90 pra baixo”, enfim, aqueles que chegam a atrasar toda a sala de tanta didática individual que necessitam.
Para essas diferenças, o caso é grave: Se eu explicar o essencial do básico, os mais aplicados podem se sentir sub-ensinados ou mesmo enganados, e se eu aprofundar na matéria, os menos aplicados ficarão totalmente fora do ritmo da aula.
Só há um jeito de eu agradar ao maior contigente possível: “Jogando” no meio, atuando com chumbo grosso, ou seja – focando a média.
Sim, é isso mesmo: Focando a média (Como fazer isso sem ser medíocre – no real sentido da palavra – tem sido um desafio para mim nesses dez anos de magistério).
Assim, se você estiver em qualquer dos quatro quadrantes, provavelmente não vai gostar nem de mim nem da minha aula. Se estiver na Classe AA, na Classe D, se for extremamente gênio ou se for um pífio limítrofe. Para vocês, aconselho que sejamos políticos e diplomatas: nos tratemos bem, até o fim do período. Lembre que faculdade é só um momento, e eu não sou o primeiro ou o único professor que você terá que aturar ao invés de curtir.
Bom início de período para nós.