Desde semana passada, após quase um ano parado como atleta regular, voltei a participar de corridas de rua, estive domingo passado na Corrida da Educação Adventista, 5km, cansei – justo eu que já participei até de duas meia-maratonas…
A de ontem foi a Run With Colors corrida onde são jogadas tintas em pós e os corredores ficam bem pintados.
Minha intenção não era pintar ou ser pintado, era correr, mas eu sabia bem onde estava me metendo. A largada foi no horário, e desde a saída fiquei calculando em como faria para não ser pintado.
Os locais onde agentes da organização jogavam tinta era chamado de color-point.
No primeiro, usei uma estratégia que funcionou: me misturei a um grupo de corredores à minha frente, a tinta pegou neles e eu, lá no meio, fiquei safo, yessss! Consegui.
No segundo color-point, eu já tinha reconhecido que havia um intervalo de tempo, uns poucos segundos, onde os que jogavam tinta recarregavam os punhados. Bastaria eu calcular esse exato momento e passar muito rapidamente pelo color-point… funcionou!
Até agora, já pelo quilômetro dois, eu estava invicto – se eu conseguisse continuar assim, chegaria ao fim da prova sem ser pintado.
Mas no terceiro color-point a coisa desandou: os jogadores de tinta não estavam sincronizados e nem havia um grupo passando – arff, quando passei um dos jogadores de tinta me atingiu em cheio e, não sei como, a tinta vermelha entrou por detrás do óculos, atingiu meus olhos (o do outro lado também jogou e eu nem tinha percebido); e pra acabar de completar, eu estava inspirando (cheirei um quilo daquele pó de tinta vermelha) e, para acabar de completar a desgraça, ainda estava de boca aberta.
Vamos por partes:
– Meus olhos sequer ficaram ardendo – Atesto, portanto, que aquele pó colorido é inofensivo mesmo;
– Inspirei tinta acho que até a garganta – Dei dois espirros e parou o incômodo . Então, a tinta também não atacou vias aéreas;
– O gosto da tinta é um pouco amargo e azedo misturados. Não tem gosto bom mas nada que incomode tanto, e some rápido.
Bem, continuei correndo. Talvez ainda desse pra salvar o resto de prova sem levar outro banho de tinta.
Não.
O próximo color-poit tinha umas cinco pessoas, já olhavam pra mim como o pintor olha pra tela em branco, eu já sabia que não adiantava lutar contra aquele destino, apenas abri os braços, fechei os olhos, parei de respirar, fechei a boca e me entreguei correndo, pensando “Pinta, porrrrra!” – Não deu outra: agora eu era vermelho, amarelo e verde.
A tinta era me pó, eu estava suado e o pós ainda dissolvia naquilo tudo… uma beleza!
Bem, cheguei vivo ao final. Rápido. Sem cansar (já melhorei em relação à semana passada).
E aí, a decepção: não havia medalha. isso mesmo: NÃO HAVIA MEDALHA!
Ainda perguntei de uma moça da organização, ela nem deixou eu terminar a pergunta “não!” – Sinal que muitos antes já deviam ter perguntado antes de mim.
Olha, isso foi um atentato contra os corredores, contra a instituição corrida de rua e contra todo o esporte.
Deixei claro que não houve desonestidade da organização: estava tudo no regulamento que, claro eu não li, daí a frustração.
Um detalhe que percebi é que não vi as figuras que sempre correm. Pareceu uma corrida montada especialmente para não-atletas. Talvez fosse mais uma grande festa do que uma corrida (embora vendida como corrida). Não vi os corredores de sempre… será que eu estava no lugar e evento errado?
Bem, que essa tenha sido a última corrida de rua desse estado onde não tenha tido entrega de medalha.
…que fique ao menos esse posto como prova de que tal evento existiu.