Trata-se da biografia de Erasmo Carlos, aliás, uma autobiografia.
É um livro de leitura rápida. Salta aos olhos o tamanho das letras, extremamente grandes, algo como tamanho 16 do word – parece aquelas bíblias editadas para idosos. Não é a toa que saiu agora em versão pocket bem pequenininho. Tem umas fotos preto e branco bem legais.
Vamos ao conteúdo, digo, minhas impressões sobre ele.
– Ele tinha tudo para ser mais que Roberto Carlos: compunha tanto quanto, era mais presença e boa pinta, e mais dinâmico no palco. Mas faltava algo que RC tinha e ele não: a carinha de bebê.
– Ele sempre foi chamado de Tremendão, Roberto Carlos era chamado de “Calhambeque”, só ganhou o apelido de Rei quando Chacrinha o nomeou assim; mas logo depois nomearia de Rei o Paulo Sérgio. Acontece que RC tinha uma grande gravadora por detrás, a CBS e Paulo Sérgio tinha a pequena Caravelle. Resultado: A CBS capitalizou logo o “título” de Rei para RC, e Caravelle não tinha divulgação para fazer o mesmo;
– A diferença entre Roberto e Erasmo ficou marcante em 1971. ErasmoCarlos foi fazer show com um violão em um restaurante, RC foi fazer o sho “A 300km por hora” no Canecão, o primeiro show co superprodução do Brasil – aliás, há uma foto na página 220 do livro que nos deixa incomodado, ele cantando em algo que, pelo fundo da foto, parece uma espelunquinha, e a legenda da foto diz “Minha primeira turnê pós Jovem Guarda”.
– Ele sempre fala com carinho de sua esposa Narinha, mas não trata em uma linha sequer sobre a forma como ela morreu, o que demonstra que ainda vive com os demônios quanto a isso. Mas a história diz: ela cometeu suicídio;
– As melhores imagens do Tremendão só vi uma vez, no programa da Silvia Poppovic, nos anos 90, erma imagem de arquivo da Bandeirantes. Mostrou um show do Erasmo nos anos 70, ele estava com uma cabeleira preta grande, dominando o palco como ninguém, realmente muito bom! Nunca mais vi aquelas imagens de novo, nem no youtube!
– Conta como fez a versão em português da música que Julio Iglesias lançou para estourar no Brasil;
– Fica muito claro que na verdade ele não conta a vida dele, mas algumas poucas passagens felizes e engraçadas, fica a impressão que a história dele parou no início dos anos 90; aliás, os fatos são tão espaçados que dá a entender que ele teve mais a esconder do que a contar;
– Se você espera ver desvendado meandros da indústria fonográfica, quem fez o que, detalhes sobre as gravações dos discos (e foram muitos, pesquisando na web me surpreendi!) esqueça! Só passagens-família mesmo.
– Como é uma autobiografia, é óbvio que só mostra o lado claro do biografado, pouco ou nada do mau. Isso, só em biografias externas e não autorizadas, um dia veremos uma.