[resenha] “Irmãos Coragem” (1970)

Essa tal de Globo Marcas está fazendo algo legal: trazendo grandes novelas da globo em Box. Tudo bem que são versões picotadas, precisa ser assim mesmo; mas tem sido de grande ajuda no trânsito-caos de Manaus, ajuda a tornar a estagnação do tráfego menos chata. Essa semana terminei de assistir aos “Irmãos Coragem”.

É a história de uma família, uma mãe e três filhos. Um é jogador de futebol (Duda), o outro um minerador que se torna prefeito (Gerônimo) e o outro um idealizador de mundo perfeito (João). Esse idealizador encontra um diamante valioso e passa a novela inteira resgatando-o, já que o vilão tomou dele assim que pôde (logo no início da novela).

A novela inteira é briga, discussão e tiro entre: João e Pedro Barros, João e o Delegado, Entre o Delegado e Pedro Barros. Lá surge um morto que não estava morto, dois triângulos amorosos e uma luta de classes. Novelas…

Inicia o DVD com Daniel Filho, o Diretor, dizendo que a autora, Janete Clair, escreveu sozinha a novela; se for verdade, foi algo verdadeiramente incrível ela dar conta da trama sozinha!

Conta a lenda que, nas cenas externas, se podia escutar o som do gerador de energia, eu só escutei tal som em uma cena, vai ver as outras não entraram na edição em DVD; Por falar em som, em algumas cenas internas quase não se compreende os diálogos, acho que foram captados com microfones ambientes e não os direcionais. E a masterização errou a mão no nivelamento das vozes: a cada cena o volumo do som dos diálogos mudam. Mas tudo é perdoado porque a trama é realmente muito boa!

O personagem Duda Coragem muda muito de visual na novela, inicia com cabelo curto , depois aparece com cabelo grande, depois com barba, bigode, enfim, ou foi erro de continuidade ou a edição em DVD deixou um tilt na linha do tempo. Aliás, a imagem é que o cara envelheceu uns 20 anos durante o tempo da história da novela;

Esse Duda Coragem, ao menos na edição em DVD, ficou com um problema grave: não teve destino. Nós dramaturgos sabemos que a regra diz: se abriu um personagem, se precisa fechá-lo, dar alguma destinação a ele. O Duda é o primeiro personagem que surge na novela e, estranhamento, desaparece sem que se saiba pra onde o porque sumiu. Alguém aí sabe?

A personagem de Glória Menezes é muito show! Uma mulher que tem três personalidades! Uma tímida, uma doida e uma centrada. Fica muito claro, na interpretação da personalidade da doida, que suavizaram bastante o roteiro, acho que a ideia original ela era uma devassa, e tiveram que passar verniz pra colocar a personagem na televisão;

O Vilão, João e a mãe coragem são coerentes a novela inteira, sendo do bem. Os outros personagens masculinos alternam entre pensamento do bem e atitudes más ao longo da trama;

Regina Duarte tem aparência bem frágil nessa novela, esse ar de coitadinha lhe fez ser a “namoradinha do Brasil” nos anos 70, acho que foi por causa dessa novela;

A mãe coragem me trouxe a lembrança da Dona Benta, do Sítio do Picapau Amarelo, é que é a mesma atriz, Zilka Sallaberry;

Alguns cenários são bem toscos, como a cena em que invadem o trem para resgatar o João Coragem, parece aquelas cenas do Chapolim; os planso são sempre fechado, a cena em que João encontra o diamante na mina deve ter sido gravada em um quartinho, muito basicão mesmo;

A novela ficou longa demais! Era possível ter enxugado aqui e finalizado em dois terços do tempo, e olha que assisti à versão compactada em DVD! Não é a toa que foi uma novela que durou um ano inteiro. Vai ver a trama tomou a audiência do país inteiro e resolveram alongá-la, só pode. Mas mesmo na edição do DVD podiam tê-la colocado em menos discos (são oito!);

Não sei se foi pela censura ou pela moral da época, tudo é muito velado, sugerido, muita pouca coisa é mostrado no que toca ao desenrolar das relações, tipo, o casal, se beija e… logo depois a moça surge grávida!

A atriz mais linda da novela: a Índia Potira (Lúcia Alves), muito bonita mesmo! Quando vejo a atriz atualmente, tenho a real dimensão do significado da palavra “tempo”….

A qualidade das imagens é um “show” à parte! Uma porcaria(da boa!)! Trash da melhor qualidade (e nem é por serem em preto e branco). Quando imaginamos o que se tornaria a Globo depois, duvidamos que aquelas imagens saíram dela. As câmeras tremiam. Em uma imagem pode-se ouvir a trepidação da câmera seguindo a personagem. Em umas cenas externa surgia uma tarja-sombra preta no canto superior direito da imagem. Ao mostrar qualquer ponto de luz, fica uma aura negra em volta “é o “lag”, pois na época as câmeras ainda tinham tubo de imagem) (Detalhe, em 1985 usei uma câmera Philco- Hitashi com tubo de imagem: era ruim mesmo!).

Spoiller: Pow, não gostei da Potira e do Gerônimo Coragem haverem sido mortos!


1 thought on “[resenha] “Irmãos Coragem” (1970)

  1. O que eu achei mais doido foi isso que você comentou magistralmente…
    tipo…Como assim…. os atores estão deitados de roupa e tudo e aí do nada depois… está grávida!???? como assim?????

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *