Resenha “Álbum Branco” (50th Anniversary Edition)

Hoje publico um posto que demorou muito a ser escrito, só o concluí agora! Na verdade, só a elaboração desse post já daria outro post. Escrevo sobre a edição de 50 anos do White Album dos Beatles.

Ele tem quatro nome: “The beatles” (o oficial), Álbum Branco (como nós o sempre chamamos no Brasil) e White Album (como os gringos o chamam) e “The beatles (White Album)”, que é como esta sendo chamado oficialmente na atualidade no site oficial dos Beatles.

2017 nos trouxe o relançamento do Sgt. Peppers, o que fez o mercado gostar de ter versões remixadas dos discos dos Beatles, 50 anos depois. Dá um gostinho de “obra nova”. Não houve lançamento do Magycal, como sabemos, talvez pelo fato de ele não ser um disco planejado como tal, mas sim uma reunião de músicas gravadas soltas á época.

Mas eis que, em 2018, veio a edição de 50 anos do Álbum Branco.

Nessa edição do White Album, constaram bootlegs dos então futuros discos Let it Be a Abbey Road, o que, a se repetir o que fizeram no Sgt., pode significar que não teríamos essas duas outras pérolas relançadas (hoje sabemos que o Abbey foi e o Let it Be será). Eu explico: O Sgt. Peppers veio com bootlegs de músicas do disco que seria lançado depois, a saber o Magical Mystery Tour (ainda que as gravações fossem contemporâneas do Sgt. Peppers).

Tenho uma história pessoal com o Album Branco.

Lá pelo meio dos anos 80, onde a Somtrês tinha um pôster para cada disco dos Beatles, o primeiro pôster foi justamente do Álbum Branco… e justamente o único dos pôsteres que eu nunca tive (buááááa), nunca o vi para vender nas bancas aqui de Manaus. Lia sobre ele, mas tudo o que havia ouvido dele era o que constava da coletânea dupla azul.

Era janeiro de 1987 quando finalmente comprei esse disco em uma loja no Rio, não lembro se foi na “Hi-Fi” do Rio-Sul ou em uma que ficava em Nossa Senhora de Copacabana.

Assim que cheguei em Manaus me fechei a sala de som e fui escutá-lo. Ainda lembro do impacto inicial de tê-lo conhecido naquele 16 de janeiro de 1987.

Em 1988 foi lançada no Brasil a edição remasterizada (junto com a coleção completa). Essa edição que comprei, vinha em duas caixas de CDs simples grudadas (e não em caixa de CD duplo como nas importadas).
Em em 2009 lançaram a edição remasterizada, que só fui comprar e 2017, tinha a vantagem de estar em digipack (caixa de papelão) e emular ao máximo a capa do disco de vinil original.

Ano passado lançaram edição 50 anos do Sgt. Peppers, acho que devem ter gostado das vendas pois agora, em 2018, lançaram a edição de 50 anos do Álbum Branco cujo nome oficial agora, parece, é White Album mesmo, parece.

Já começo aqui, pelo nome, ele tem três: The Beatles, White Álbum e, como os brasileiros sempre chamaram, Album Branco.

Nessa edição pode notar umas guitarras que nunca havia notado.

Como o escutei inteiro de novo, passei a gostar de uma música que eu nem sequer a havia escutado direito (muito menos gostado): “Savoy Truffle”.

A versão vendida na loja Brasileira dos Beatles (sim tem uma online só para o Brasil, sério!), é a versão mais simples de todas: o Algum com uma CD de extras que é as demos de Esher.

A versão mais cara tem os LPs e vinil, DVD comum, mixagem mono, e um livro de mais de cem páginas e uma camisa. Custa mais de 500 dólares, só tem na loja americana e, acredite: foi o primeiro dos itens a esgotar.

Nota-se claramente aquilo que John disse em vida: a banda tinha começado a se desintegrar, e eram “músicos-solo” com a banda de fundo, na verdade, já com pouca colaboração dos demais (ao menos foi o que John disse posteriormente, e uma entrevista).

O próximo disco a ser gravado seria o malfadado (mas que gosto muito) “Lei it Be” mas isso eu escrevo em outro post futuro.

Quanto às músicas, temos três categorias: as legais, as jeitosinhas (mais ou menos) e as ruinzinhas.

As maravilhosas dariam um ótimo álbum simples.

A jeitosinhas acho que devim ter ficado de fora, ou entrar em um disco só de Lado B. Já as ruinzinhas acho que sequer deveriam ter sido gravadas. São leseirinha em forma de música. São essas ruinzinhas: Wild Honey Pie, Why we don do it in the road e a infame Revolution 9.

Colocaram as últimas músicas de cada disco como as mais calmas e lentas.

Na época, ficamos na expectativa de haver o relançamento do Abbey Road em 2019, nos moldes do Sgt Pepers em 2017 e do White Album ali e, para nossa surpresa, aconteceu mesmo, e será tema de outro post.

Passo a escrever uma análise Faixa-a-Faixa do White-Album.

“Back in the U.S.S.R.” – Inteligentemente abriram o disco com algo para cima, animado, com refrão matador. Escutei nuances do piano pela primeira vez.
“Dear Prudence” – Inicia mixada com a primeira música, como que preparando nosso espírito para apreciá-la; atente para o coro do backing vocal do refrão, tão perfeito que parece feito por inteligência artificial com computadores de última geração. Aí lembramos que o disco é de 1968… e nos convencemos a da perfeição do trabalho de George Martin… O baixo ficou mais gravão e marcante (será que foi por causa do som)?
“Glass Onion” – Timbre de bateria perfeito: ataque rápido, forte, sem firula. Rockão bom para ouvir correndo ou correndo de moto. Dá para ouvir as cordas durante o refrão melhor.

Essa sequencia inicial, (Back, Prudence, Glass Onion) é algo de perfeito, só comparável ao medley do final do Abbey Road.

“Ob-La-Di, Ob-La-Da” – Ou vi essa música com quatro anos de idade em uma gravação como “rock-samba” dos Lee Jackson (no disco “Bill Halley presents Lee Jackson”), é uma musiquinha que só é escutável uma vez, e gruda na mente, se escutarmos outras vezes ela fica chata. O baixo está mais definido. John disse certa vez que achava essa música chata.
“Wild Honey Pie” – Só vem sujar o disco e está no lugar bem errado, interrompendo um sequencia belíssima de músicas. Música “sei-lá-o-que-faz-no-disco” -que tomou lugar de alguma qualquer música bem melhor que deveria ter entrado. Se há algum destaque a ser referido, é que a gravação tão boa que o instrumento.
“The Continuing Story of Bungalow Bill” – Inicia já no refrão, termina com uma farra de palmas no estúdio, alterna entre as quadras bem legais e cadenciadas e o refrão bem marcante. Nessa edição podemos ouvir mais nítido cada voz do coral, e o mellotron que entra no fim parece surgir antes do momento em que surgia nas edições anteriores do álbum. É impressionante a linha do baixo que antes eu ainda não havia percebido…
“While My Guitar Gently Weeps” – Aqui deve ter ficado claro para o Paul e John que, se tivessem deixado George ter mais músicas no discos, o público talvez passasse a gostar mais do das do George de que das dos dois juntos. Não foi por ação que o primeiro disco dos Beatles que mais vendeu foi justamente o do George.
“Happiness Is a Warm Gun” – Isso é música de Álbum Branco! Quatro movimento de melodias diferentes, começa lenta e vai crescendo até a conclusão em forma de refrão, show! O coro do vocal está mais alto nessa edição nova.
“Martha My Dear” – Nas vezes em que a ouvia, pensava “chata, ruinzinha, mas das ruinzinhas está entre as menos piores”. Mas só agora notei que nunca havia ouvido essa música inteira, porque inicia de forma tão chata que nosso ímpeto é passá-la adiante. Tem quatro movimento diferentes, deve ter dado trabalho compor isso. O ponteio do baixo com as cordas no refrão é ponto alto.
“I’m So Tired” – Muito legal, arrastada quase que como uma poesia concreta nos transmitindo sensação de fracasso mesmo, tem realmente cara de “Álbum Branco”.
“Blackbird” – Aquelas baladinhas legais do Paul, despretensiosa mas ok.
“Piggies” – Maravilhosa musiquinha animada, tipo infantil, do George. Aquele cravo fez toda a diferença. Perfeitinha é a palavra.
“Rocky Raccoon” – Nos aparenta um clima de velho oeste.
“Don’t Pass Me By” – Nos antecipando o estilo solo do Ringo, essa faixa é balada, cadenciada, com os tempos do compasso salteado. Não sei se por já conhecer a música, parece que os violinos ficaram mais altos nessa edição.
“Why Don’t We Do It in the Road?” – Essa música nos faz ter duas músicas, afinal, o que tanto é que estão fazendo que Paul Pergunta porque não fazem na rua:, e i,a vez que a melodia é até convincente, porque raio ele não colocou uma letra (letra mesmo) nela: Com início meio e fim: Ia transformar isso em música legal, e não apenas e uma pergunta repetida sem nexo. A voz do Paul ficou mais agressiva nessa edição do disco.
“I Will” – Assim como “Black Bird”, é a baladinha para ser escutada ma vez só ou uma vez a cada dois anos. Pela primeira vez percebi o finalzinho complexo da música, acho que nunca a havia ouvido inteira. Nada como uma nova edição de um disco para nos estimular a escutá-lo com mais cuidado.
“Julia” – Baladinha lírica, mas que ao tem melodia que empolgue . Nunca gostei dessa música mas estranhamente agora comecei a gostar, talvez porque antes à escutava novinho, agora estou escutando já com mais de 40.
“Birthday” – Ótima música para iniciar um disco, assim como a Back in U.S.S.R, mandaram outro rockão para iniciar o segundo disco. Animada, para cima.
“Yer Blues” – Rithm and blues arrastado, lento; tipo de música que não entra no mercado brasileiro de jeito nenhum, e que perguntamos como pode ser tão atraente e popular em outros povos. Ainda não havia percebido como o baixo está legalzinho nela.
“Mother Nature’s Son” – É chata, balada também, mas diferentemente da “I Will”, “Blackbird”… é chata, sabe lá porque colocaram isso aqui. Pode ser que quando eu a escute com uns 60 anos eu venha a gostar dela, mas há 33 anos que eu a escutei, ainda não gostei.
“Everybody’s Got Something to Hide Except Me and My Monkey” – Música animada que nos transmite a alegria e entusiasmo com que foi gravada, parece uma injeção de adrenalina. Repare no detalhamento da guitarra que fica solando embaixo das quadras no vocal, são esses pequenos detalhes que fazem dos Beatles… Beatles! E checando o groove de baixo do final da música, concluímos que o Paul podia bem ser um baixista de qualquer banda de trash metal, se existisse na época, que daria conta do recado.
“Sexy Sadie” – Linda, com introdução marcante, uma das que honram o disco. gostosa de ouvir, voltamos a ela várias e várias vezes. Aula de arranjo, de coral de fundo na forma e lugar correto, uma faixa que também explica como, 50 anos depois, esse disco ainda nos interessa tanto. Só nessa edição do álbum notei que no finalzinho surge mais uma guitarra solando junto à principal.
“Helter Skelter” – No colégio costumávamos dizer que essa teria sido o primeiro heavy metal do mundo, estávamos errados (a considerada assim é o “You really got me” do Kinks, mas discordo). Mas que é pesada mesmo, é!
“Long, Long, Long” – está ainda cm um defeito desde a masterização. Está com volume mas baixo do o resto do fisco. Eu tinha certeza que um dia consertariam isso, quando soube que seria remixado, tive certeza que consertariam… não consertaram, continua bem baixinha. Espero que no relançamento de 70 anos do álbum, seja consertada. Por muio tempo eu considerei essa a mais bonita musica do disco. Imagine isso bem alto com o volume na alturas, fiaria mesmo linda, no nível da “While my Guitar”. Aliás, eu ainda não havia percebido que ela termina com um som de motosserra, já era assim nas prensagens anteriores?
“Revolution 1” – Versão mais elaborada e muito piorada da que conhecemos pesada e mais rápida. Sempre que a escutamos nesse disco, só lembramos a versão rápida e mais pesada dela que tocaram no especial de TV de 1968 junto com a Hey Jude. É uma prova de que às vezes o som cruzão é melhor que o elaborado almofadinha.
“Honey Pie” – Que diabo é isso? Como se gasta fita, tempo, acetato, vinil e tempo com isso? Vai ver foi para tapar buraco e completar o dico, só pode! Podendo, passe direto por essa bomba…
“Savoy Truffle” – Rockão de Primeira, passei a gostar agora em 2018 ouvindo a versão remaster de 50 anos do Álbum. É um ótimo dopping auditivo para os que correm. O timbre cortante da guitarra com a clareza dos metais nos dão uma aula de como esses instrumentos de sopro devem ser usadas no rock. Além de mesclar voz solo com um coral realmente harmônico e bem encaixado.
“Cry Baby Cry” – Isso é melodia. Simples, sem ginástica de arranjos. Nessa edição podemos ver um vai-vem no baixo no fim das quadras, que não eram perceptíveis (ao menos para mim) em edições anteriores. A junção no final de um trecho de música do Paul, com nada a ver com essa, acaba formando algo harmonioso, estranho e incrível ao mesmo tempo.
“Revolution 9” – É uma faixa, mas não é uma música, é só colagem de sons com o alguém rindo em loop e dizendo “Number 9”; passei a vinda inteira pensando que a voz era de Ringo, mas na verdade não é ele que “canta”. Pra mim, pessoalmente, só serviu para me inspirar a pintar a tela “Número 9”, onde pintei a quantidade de “9” que ouvimos na faixa. Música ideal para ser escutada em um quarto escuro e testar sua sujeição ao medo.
“Good Night” – Cantada por Ringo, é tão lenta e arrastada que vale o nome, já que dá sono mesmo; tem cara de música de encerramento. Era meio renegada pelo fato de vir depois da “Revolution 9” e como não escutávamos toda a “9”, geralmente essa passava batida, principalmente lá nos tempos do vinil.

Alguns bootlegs, só pelo número de take (um deles passa do 100), sabemos que temos mais material para relançamento pelas próximas cinco décadas, pelo menos.

“Junk”– Ganharia versão definitiva no primeiro disco solo do Paul. Ocorre que essa versão demo dos Beatles está melhor do que a versão oficial do “McCartney I”

“Child of Nature” – É o protótipo do que viria a ser “Jealous Guy” do disco do John, mas aqui temos que admitir que a versão posterior do John ficou melhor, embora essa versão prévia tenha ficado muito legal.

“Circles” – Música estranha e bem psicodélica cantada pelo George, mas que ficaria melhor no lugar de alguma das ruinzinhas do que de fora, como ficou na edição original. Tem o mérito de ser uma música realmente inédita até para beatlemaníacos.

“Mean Mr Mustard” e “Polythene Pam” são embriões de faixas que veriam a luz no Abbey Road. Mas lá estariam como parte de um Medley, aqui elas estão para provar que, originalmente, seriam faixas inteiras, mesmo.

Not Guilty” – Legalzinha, deveria ter entrado no Álbum ao invés de uma ruinzinhas, sei lá porque foi descartada. Essa música nos foi apresentada no Anthology, nos anos 90, mas aqui surge na sua versão brita (demo) e não já com o arranjo prévio, como viria no Anthology.

Whats New Mary Jane”– Sô tem dois movimentos, chata, ficou de fora também, não dá para dizer se foi uma boa decisão, já que tido que temos é esse esboço, o que nos deixa pensando: será que se decidissem incluí-la no álbum não a teriam modificado e, de repente, teria ficado bem legal? Nunca saberemos.

Preparando a alma para escrever a resenha sobre a edição de 50 anos do Abbey Road (comprei-o junto com o Álbum Branco, na Livraria Leitura do Amazonas Shopping).

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