Era um hobby para alguns, e uma necessidade para outros.
Muito antigo, falar através das ondas hertzianas era muito difundido até a chegada do celular, em 1994.
Ingressei no time dos radioamadores em 1990, na classe B, meu indicativo era PP8-MCE;
Fiquei empolgado com o meu irmão a ideia através do meu irmão Marcus, que se tornara radioamador desde o início daquele ano. O indicativo dele era PP8-MAC;
Eu usava um HT, uma rádio de mão, da Icom, depois trocado por um Yaesu;
Meu irmão usava um Icom veicular, na picape dele.
O papa da manutenção em Manaus era o Omar, o PP8-KO.
Estudávamos bastante para termo a licença de operação, fazíamos a prova do Dentel, hoje Anatel, que fica lá na esquina da Costa e Silva com a Borba, na Cachoeirinha. A prova era escrita, para a classe B.
Era a comunicação que tínhamos de mais moderna e funcional até 1994.
Em 1991 fiz a prova no Dentel e me tornei Radioamador Classe A, ganhando o direito e me comunicar em todas as faixas de onda.
(O ingresso só era permitido na Classe C ou B, e, com interstício mínimo de um ano se fazia a prova para classe A) – A prova de Classe A era dificílima porque incluía CW (código morse). Hoje não me lembro mais, até porque só estudei para aquela prova, mas no dia da prova eu estava afiado e, pra facilitar, a transmissão da prova prática era bem devagar. Lembro até da mansagem “Para transmissão por carta usamos a escrita, mas na transmissão por rádio usamos sons.” – Sim, parece fácil, mas ter que decifrar isso só com “traços e pontos” de código morse foi barra, acreditem!
Como eu já expliquei em outro post, usávamos o “path” para fazermos ligações telefônicas pelo rádio ; durante muito tempo tal prática era proibida por lei, mas tal norma fora finalmente revogada no fim dos anos 80 (talvez porque nunca tivesse sido respeitada mesmo) – Aliás, havia sim fiscalização do Dentel no serviço de radioamador.
Operávamos ponto a ponto ou assinávamos serviço de repetidora, onde se congregava vários radioamadores e podíamos fazer “balaio”, quer uma espécie de chat radioamadorístico, onde conversávamos em grupo – cada um falava na sua vez. Acontecia vez ou outra de um macanudo “modular” (apertar o ptt) em cima de outro, o que forçava a esta vítima a repetir o que acabara de propagar.
Cheio de gírias “macanudo” (gente boa), “cristal” (mulher ou namorada), “Cristalóide” (filho), “macaco branco” (telefone), “batente” (trabalho), “carona” (falar dirigindo) ; e disseminação de Código “Q” (QSL – entendido, QSJ – dinheiro, QAP – na escuta, QRV – apto a responder, QTR – trabalho etc), acabava viciando, no fim das contas.
Em nossas casa tínhamos transmissores mais potentes, o que nos permitia “corujar” (ficar conversando de madrugada).
Eu tinha uma estação móvel (um “rádio de mão”) IC2-sat da ICOM, 1 Watt de potência, mas com bateria maior e antena telescópica podia chegar a uns 3 Watts. Acionava path, repetidora em qualquer lugar da cidade e falava ponto a ponto do Aleixo à Cachoeirinha, sem interferências
Em 1994 chegava o celular, e mais de dois terços dos radioamadores simplesmente pararam de modular.
Ah, só para lembrar: dia 5 de novembro se comemora o “Dia do Radioamador”, pois foi nesta data, em 1924, que o Brasil passou a legislar sobre o serviço.