Por que “golpe” tem conotação ruim?

A tudo aquilo que rompe uma ordem estabelecida chamamos “golpe”. Só alguns dos que tivemos:

Dom Pedro ficar no Brasil? Golpe (pela lei teria que obedecer ao Rei e voltar a Portugal).

Independência? Golpe. Maioridade de Pedro II? Golpe.

República? Golpe. Fim da “política café com leite”? Golpe.

A posse de Sarney, penso, foi um golpe, pois se Tancredo Neves não chegou a tomar posse, não houve titular empossado e, se não tinha um titular, não podia ter um vice. Enfim…

Alguém, em algum lugar, apontou a palavra “golpe” como negativo, e todos acreditaram nisso, e ainda propagaram.

“Golpe”, por si só, não é bom ou ruim, depende do que busca, do que consegue, no que resulta.

Então há duas questões a serem observadas quando se afirma que a queda da ex-presidente, digo, presidenta, Dilma: se foi o não golpe e, se foi, se foi benéfico ou maléfico.

Ao menos para mim, discutir se foi ou não golpe não satisfaz quanto a ter sido certo ou errado, se precisa dar um “zoom-out” na história (está cedo?) para sabermos se, independente de ter sido ou não golpe, se foi positivo ou negativo; prevejo uns dez anos para responder se houve golpe ou não; e caso se conclua que foi golpe, mais uns dez anos para que a história diga se foi positivo ou negativo.

Author: Marco Evangelista

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