Por que eu uso o MEU livro na MINHA aula? (7 motivos)

Hoje é o Dia Mundial do Livro, embora seja mais conhecido como dia de São Jorge. Nada sei sobre santos, então escrevo sobre livros; e sobre os meus.

Afinal, por que eu uso o meu livro na minha aula?

Já me perguntaram isso, e EU sempre me pergunto isso quando me parece que o trabalho empreendido para o resultado pode ser maior que o resultado gerado. Para mim e para você, eu respondo:

1 – Vinculo as partes – Nos meus tempos de acadêmico de direito tínhamos um professor de Direito Administrativo que andava sempre com o livro do Hely Lopes Meirelles. O que fiz eu? Comprei-o e estudei por ele. Acontece que a cada aula era uma chuva de críticas dele ao Hely. Pow! Por que diabos ele ficava exibindo o livro do Hely se só criticava? Depois surgiu os rumores de que ele era fã do Diógenes Gasparini. ou seja: Ele ministrava aula por um livro mas ostentava outro. Não teria sido mais honesto logo ele dizer que usa aquele tal livro e pronto? Já naquela época eu sabia que, se um dia eu assumisse a cátedra, não deixaria meus alunos com a mesma dúvida. Hoje qualquer aluno meu sabe bem de onde vem o que eu digo e pra onde vai a prova. Traria segurança pra mim, pra ele e pra nós dois.

2 – Não brigo com doutrinador algum – Nos primeiros dois anos em que ministrei aula, usava o livro do Pablo Stolze e do Silvio Venosa. Aqui e ali eu nao concordava com algo que eles diziam. Quando eu lembrava de explicar isso, ok. O problema surgia quando me interpelavam: “Professor, o Senhor disse que precisa de existência corpórea para um bem ser usucapido, e Silvio venosa diz que se pode usucapir linha telefônica. Em quem eu acredito?” – Varias dessas situações me fez decidir (dentre outros motivos) que era melhor eu ter logo as minhas ideias em algum suporte, assim, mesmo que eu esteja errado, não vou ser confrontado quanto ao que ministro. Ah! Sim, o Silvio Venosa tinha razão (o fato que contei é de 2004).

3 – Mantenho a coerência ao longo dos períodos – Vez que meus livros, ainda bem, estão atravessando períodos e períodos sendo usado, o mantenho como suporte e âncora para a teoria que ministro, isso evita que em alguma revisão para o Exame de Ordem (onde eu sou sempre chamado para ministrar) algum aluno me diga: “Professor, no segundo período o senhor havia dito que era assim, agora mudou?” – Então, exceto quando a lei ou jurisprudência dominante muda mesmo, a matéria não muda e está lá, estável. melhor para mim, e para nós.

4 – Posso dizer para “não anotar”– Vez em quando, se entra em algum ponto muito denso e complicado, simplesmente digo: “Larguem a caneta!”, às vezes seguido  “Não precisa anotar isso, porque eu já anotei pra você!” – Ufa. menos trabalho e mais atenção!

5 – A matéria está na sequência em que eu ministro – Como qualquer professor, cumpro a meta de explanar a disciplina na sequência que eu entendo mais didática para ser aprendida. O que não necessariamente coincide com a sequência dos autores em suas obras. Ora, para que eu não tenha que ficar localizando capítulo a capítulo a cada aula, já fica claro para nós a página do livro em que estamos hoje: a subsequente à da aula anterior; simples, sempre.

6 – Se eu não o escrevesse, alguém o “escreveria” – Cansava de ver apostilas escritas por alunos a partir de anotações das minhas aulas. Algumas até com timbre do santo sem nem mencionar o autor do milagre (eu). Isso já não era muito bom, e podia ficar pior: O que está escrito nessas apostilas não é o que eu disse: É o que o transcritor entendeu do que anotou, a anotação já é a compreensão dele da forma que ele captou o escutado. Ou seja, pelo menos umas três possibilidades reais existem de o que conste nessas ‘apostilas’ simplesmente não ser o que eu disse, simples assim. Com o meu livro lastreando o que eu ensino, tudo está fundeado e não existe “disse-não-disse” quanto ao que foi explanado em sala.

7 – A logística fica simplificada – Eu não consigo, e admiro grandemente meus colegas que conseguem, ficar lidando com apostilas, textos esparsos, arquivos transmitidos periodicamente, no que toca ao conteúdo teórico das aulas. Com o meu livro disponível já resolvo o meu problema de distribuição de conteúdo e do meu aluno para a obtenção do texto-base das aulas, quando se ministra oito disciplinas em quatro faculdades diferentes isso faz muita diferença!

Essa foto é do fim de 2012, quando ainda não havia o “InfoDireito” nem a terceira edição do “Sem estresse!” (que agora é azul)  🙂

 

Ah, como você, meu querido blog-interator, pode notar, todos os motivos foram pragmáticos. Em nenhum – nenhum – momento adentrei ou adentro à discussão de melhor/pior; até porque, para cada um, esse ou aquele livro é o melhor para tal disciplina. E fico muito orgulhoso se meu aluno seguir minhas aulas pelos meus livros, mas preferirem livros já consagrados dos Doutos, pois eles também são os meus ídolos!

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