Pensamentos doentios de um quarentão

Até onde vai durar a vitalidade, o vigor física, o ânimo para superar os desafios? Estamos no terço final dos melhores anos de nossas vidas. Daqui a pouco já perdemos definitivamente a juventude. Medo, isso dá MEDO!

Até aqui já aprendemos bastante, já não temos absolutamente nenhuma ilusão, já sabemos que podemos morrer a qualquer momento, que estamos em um corpo frágil, que tudo tem um preço – isso é bom porque nos evita errar em muitas coisas, estar menos no mundo da lua e mais no chão;

Aprendemos a não confiar em ninguém, por já termos sido enganados um ou várias vezes, um quarentão já tem vários pés atrás em qualquer coisa que faça;

O corpo está exatamente no topo da decisão. Vários processos construtores deixaram de existir, mas ainda dá para pensar em ficar “bonito” (leia-se o menos feio possível que a genética permitir); já aceitamos alguma barriga e menos cabelo, o trauma com isso ficou já pelos 38 anos. Já sabemos que nosso novo corpo é esse – ufa, uma neura a menos!

Por falar em neura, uma surge: a saúde! Já deixamos de comer um monte de coisas que traçamos a vida toda, já ficamos desconfiados com qualquer coisa que “engorde” ou “faça mal”, palavras com coleterol e antioxidantes começam a surgir em nosso vocabulário sem ser mera curiosidade.

Se estamos solteiros (se estiver livre, quase todos são divorciados), já sabemos bem os prós e contras de mulheres novas e mais velhas, sem e com filhos  – e nossa experiência nos faz saber qual é a melhor para a intenção da aproximação – e ainda que sem querermos aceitar, sabemos que se tivermos qualquer algo com uma novinha, é questão de tempo para ela voar em busca de algum outro garotão da idade dela nem que seja por curiosidade; aliás, a beleza das ninfetas se tornam tão maiores o quanto menos mostram o pouco que sabem. Dia desses uma ficante minha disse nunca ter ouvido fala em Led Zeppelin, e que de música velha só conhecia umas duas de “um tal de ´Bitôus´”.

Vamos ao trabalho. Ainda bem que não mais exste um pensamento que perdurava até os anos 90: “Até 40 anos para um emprego”. Antigamente, havia o “Idade limite: 40 anos” – Essa coisa detestável, ainda bem, desapareceu;

Sei lá se é porque a expectativa de vida está subindo, mas nós com 40 anos agora estamos melhores do que as pessoas com 40 anos de quando éramos crianças, aliás, naquelas décadas idas, 40 anos já era a porta da velhice, hoje sabemos que isso só ocorre lá com sessenta ou pouco mais anos;

Ah, por falar em velhice, minha geração viveu pensando que não se tornaria velhos inúteis um dia, mas já que com 40 já sabemos bem que um dia ficaremos decrépitos mesmo, um medo começa a nos assombrar: já nos preparamos financeiramente pra envelhecermos? E quando não pudermos mais trabalhar? Se formos ricos, não tem problema, basta colocar alguma dotação testamentária como prêmio para quem cuidar bem de nós a té o fim de nossas vidas – nem que seja por interesse alguém vai cuidar bem de nós quando estivermos até em estado vegetativo, que lindo. Mas… e se não? O INSS, e até a aposentadoria do setor público, para quem ingressar agora em 905 dos cargos, não é mais integral, o que avisa que viverá na velhice com ainda menos do que fez hoje.

Filhos “por que tê-los? mas se não tê-los, como sabê-los?” (Vinícius de Moraes). Querentões ainda sem filhos já sabem que estão no absoluto momento da decisão; é o último momento para ainda ser “pai”, porque, daqui pra frente, será “pai-avô”. Os que tiveram filhos ou possuem aborrecentes em casa ou já tem filhos-companheiros, se os tiveram quando novos.

Se é verdade que estamos na metade da vida com 40, “valeu a pena até aqui?”

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2 thoughts on “Pensamentos doentios de um quarentão

  1. Estou nos 30, com a idade mental 65. Depois de tudo que eu ja li no seu Blog hoje, vou começar a me amar mais, pensar com mais carinho em mim na minha saúde. Todos os anos sempre me faço uma promessa de no ano seguinte nao tomar mais refrigenrante, cortar o acucar ou comer menos chocolate atentação é fo…go rsrs, sempre caio nela. Mas agora com esse seu post me deu força e ânimo pra lutar e sair da minha zona de conforto. Obrigada Marco tenha um excelente Domingo. Abraços!

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