Você é roqueiro. Não existe internet. Em Manaus só existem quatro grandes livrarias (Nacional, Brasileira, Duque e LIra), nenhuma delas com livros de rock. Você pesquisa nas bancas de revista!
Nessas bandas tem “revistas” em cuja capa estão seus ídolos, com frases hang-outs que te fazm querer ler o conteúdo. Olhando de perto você nota que não são revistas, são pôsters cujo verso contém informações sobre a banda da capa.
Essas eram os Pôsters da Somtrês. Uma editora que, em matéria de som, era respeitadíssima, por ter a melhor revista de audio da época, referência para audiófilos, que analisava desde aparelhos até lançamentos de discos do mês. Então, os pôsters já vinham com chancela de qualidade e nem precisávamos ler na banca para sabermos disso.
Era um produto feito pra roqueiros, mas até pelos apelos de capa, eram comprados por não-iniciados também, o que acabava sendo uma forma de doutrinar profanos é que na capa sempre existia alguns textos-isca, sensacionalista mesmo, que nos fazia querer comprar a “revista” (parabéns ao capista, funcionava!).
Umas fotos eram invertidas. Uma vez, vendo um dos pôsteres que eu grudei em lagum parede em casa, em alguma renuão de família, apontei e falei para meu primo Fabrício Moreira:
– Sabia de uma coisa? Todos aí nesse palco são canhotos! Ele olhou pra mim e respondeu: – “Quer que EU te diga uma coisa: ninguém é canhôto aí! – Um outro primo falou: – É essa Somtrês costuma inverter as fotos mesmo!Grudá-lo na parede significa ganhar um poster e perder uma revista; isso fazia com que só o grudássemos depois de lê-lo bem e várias vezes – tanto que, pode perguntar a quem tinha, até hoje podemos nos lembrar de pequenos trechos dos textos ou dos títulos dos tópicos (sim, dá pra lembrar até de umas frases tal qual estavam escritas lá!).
Era chamado de revista-pôster, embor anão tivesse formato de revista (conteúdo, sim), lembro que não custavam tão barato quanto uma revista, seria algo hoje entre 15 e 20 reais, o que nos impedia, ao menos lá na banca, de comprarmos dois, um pra ler e um pra colocar na parede – o preço de dois significaria deixar de comprar pelo menos mais uns dois gibis ou uma revista grande.
O primeiro que eu li, nem lembro se foi eu quem comprou, foi o do Kiss, acho que era 1984. falava sobre a história da banda, biografia dos integrantes, inclusive os que já eram ex-integrantes, e tinha fotos do show deles no Brasil;Logo depois, quando eu já era beatlemaníaco, comprei uns o pôsteres onde, em cada um , eles analisavam um disco da banda, faixa a faixa, só não tive o do “Álbum Branco”. Como na época eu nem havia escutado todo o catálogo dos fab-four, posso dizer que tive primeiro contato com algumas das músicas… lendo sobre elas!
Dia desses encontrei um deles amassado em um monte de revistas. Achei que não teria mais graça, pois hoje existe interenet. Mas teve! Algumas informaões lá, sei lá onde obtiveram, pode até estar na rede, mas daria trabalho pra conseguir; e dá pra notar que não era apenas textos enlatados, tinha a caneta do redator da Somtrês, mesmo.
Tive o do Led zepelin, Elvis, Kiss (foi o primeiro), dos Beatles e John Lennon. Por muito tempo tive o do John e Elvis grudado na parede da sala de som de casa.
E, escrevendo esse post, fiquei curioso para saber como seria o pôster do Deep Purple e do the Who (existiam, ma eu não tive). Acho que vou já procurar no Mercadolivre se alguém está vendendo algum.
Ah, e não adiantava descolar o pôster da parede para re-guardá-lo. Como era papel couchê, não desgrudava das fitas e ficavam com as pontas rasgadas mesmo…