Nem todos os solos são iguais, uns nem “existem”. Afinal, o que torna um solo de guitarra inesquecível?
– Não é apenas um tapa-buraco da música. Quando eu compunha alguma coisa, era baixista da banda e achava que tinha que deixar um espaço para o guitarrista “falar” na faixa. Hoje vejo que isso é uma besteira, mas muitos músicos não acham, e mais da metade dos solos são só alguma oportunidade com algumas notas na escala para taparem buraco com guitarra.
- Um solo precisa ser algo à parte.
- Precisa inaugurar uma nova frase dentro da música.
- Precisa, como disse um migo meu, Christian, ter um “Porque”.
- Precisa levar o ouvinte a outra dimensão dentro da música.
- Parece dar palavras à guitarra.
- Consegue, enquanto acontece, fazer toda a base trabalhar em função dele – o que apneas ressalta que é uma “obra dentro da obra”;
- Consegue ser lembrado independente da música.
Meu processo de criação de solos é assim: deixo a base tocando e crio algo como se fosse uma nova linha de letra mesmo, como se fosse uma nova estrofe, a melodia dessa estrofe necessariamente será diferente das outras. Com essa “estrofe” pronta, eu elimino a “letra” (geralmente uma “nanana na nanana…”) e busco essa melodia no instrumento. Pronto: eis o novo solo. Nas faixas do CD da Noiantes se pode perceber isso.