Qualquer roqueiro “oldschool” tem um novo disco do Ozzy como um Verdadeiro Acontecimento na sua história; não é diferente comigo. Essa semana, Ozzy-Deus Osbourne-Eterno lançou seu “Ordinary Man”; especial por vários motivos.
Ozzy está envelhecido (ainda que seja eterno), então, tememos que esse esteja entre seus últimos discos, espero que NÂO.
Ozzy corporifica a resistência do rockão dos anos 70, viveu nossas viagens roqueiras e sendo amado ou odiado sempre foi respeitado.
É o primeiro disco que tivemos acesso por meio digital oficial, saiu direto nos serviços de streamings. Seu último disco (ou CD, como queiram), o “Black Rain”, saiu só em CD.
Eu sempre (como seus verdadeiros fãs), corríamos para a loja para comprar cada CD recém-lançado. Não deixou de me passar o filme quando, em 1989, comprei seu “No Rest For The Wicked”, no bolachão de vinil (ocasião em que comprei também o “Blizzard of Ozz”, seu primeiro disco em vinil também). Com a invasão dos CDs nas lojas aqui em Manaus, comprei toda sua discografia existente e fui comprando um a um assim que chegava.
Eis que agora surge o “Ordinary Man”.
A voz de Ozzy está metálica, artificial, digitalizada, robótica. Parece até que havia alguém tocando o teclado com o Melodyne sampleando a voz dele. Até a capa parece artificial, aquilo é uma imagem puramente digital dele, não é ele – como capa é arte e não jornalismo, está valendo.
Impressão sobre cada faixa:
1. “Straight to Hell” – Primeira música surge como a pior primeira música em um disco do Ozzy. Monocórdica, literalmente, uma nota apenas; se ao menos fosse com guitarras pesadas, bateria orgânica e gravação de fita, até penso que seria uma ótima e grande faixa, quem sabe um dia ela não aprece em uma versão ao vivo e reabilitada… sonhar é grátis. Quem escuta Ozzy sabe que sempre as faixas de abertura de seus discos são bombasticamente boas, o bastante para carregar todo o resto do disco nas costas. Absolutamente não é o caso desta. Ao menos serve para avisar ao ouvinte que o disco será com som digitalizado como tendo sido gravado com o Audacity mesmo.
2. “All My Life” – É aqui que começa o disco, para mim. Da segunda à nona o disco é legal, bem Ozzy. Seja na batida, nos riffs e principalmente na subida da harmonia no fim do refrão. A entrada do solo dessa música é Épica, quando a nota da harmonia. O impacto causado em mim me mostrou que tenho que fazer mais isso quando for compro solos no futuro. É uma “musica Ozzy” (até a paradinha no meio tem), pode ouvir.
3. “Goodbye” – O início dessa música nos vai fazer lembrar da Iron Man, Mais uma nostalgia programada nos fãs? Lembra do Black Sabbath? É essa música aqui! Aquela batida lenta pesada e obscura, bem passaria como algo do Tommy Iommy e Cia. Quando alguém perguntr como soava o Black Sabbath, basta dizer que parecia a “Goodbye”. No meio dessa música, ao invés de ter uma paradinha, é o contrário: tem a aceleradinha, aí corre pro solo e volta ao andamento sombrio. Show!
4. “Ordinary Man” – Nessa primeira música lenta há a colaboração de Elton John, coma voz tão irreconhecível quanto a de Ozzy. Metalizaram a voz de Elton para não destoar da de Ozzy ou porque a produção foi toda feita em notebook mesmo, será? Quanto à melodia, parece mais música do Elton com participação do Ozzy, o que só depõe a favor da música. Os dois fazem parte da minha formação roqueira mesmo.
5. “Under the Graveyard” – Que introdução massa! Foi o primeiro single lançado do CD, ainda lá pelo mês de outubro de 2019, e quando o ouvimos sabíamos que o dico viria realmente bom! Começa aparentando ser calma, aí tem aquela explosão pesada e vai para a porrada, algo bem como na época do “no More Tears”; e esse refrão é simples e matador, muito muito legal. Não consigo de imaginar ela tocando em uma festa na minha casa com amigos roqueiros velhos.
6. “Eat Me” – Das músicas verdadeiramente “Estilo Ozzy”, é a mais fraca, mas tem o mérito de ter um ótimo timbre de baixo na introdução. Acho que foi a melhor timbragem de instrumento de todo o álbum. O refrão não decepciona, as um dia quero que alguém explique porque baixaram o volume do som no refrão, terá sido um erro de mixagem ou floreio mesmo?
7. “Today Is the End” – Sem muito papo já parte de dois arpegios de quatro segundos e já entra a voz com as quadras. Pense em uma música que foi salva pelo refrão, é essa! Eu explico: ao se ouvir de primeira, achamos que a música vai ser chata, mas quando chega no refrão, não só este é maravilhoso como dá sentido ás quadras que quase estávamos achando chato! Acaba que tudo acaba ficando nos trinqs e funcionando. Se não gostar à primeira oitiva, dê uma nova chance e escute a faixa uma segunda vez, atesto que você vai gostar! É a que tem solo mais rápido (tipo fritado mesmo) do álbum.
8. “Scary Little Green Men” – O início dessa música lembra muito o início da “Killer Of Giants”, do disco de 1986. Notas e timbres iguais, me pareceu bem nostálgico, até achei que era o próprio Jake E. Lee que estava tocando aquela guitarra. Começa cadenciado, depois mano… entra um refrão matadores como nos bons tempos dos anos 80! Merece ser ouvida várias vezes! É isso que esperamos quando pensamos em Ozzy. Destaque para a ponte final antes do último refrão e para o fechamento da faixa, sinal de que, quando os produtores querem, conseguem fazer obras grandiosas!
9. “Holy for Tonight” – A música mais suave e agradável de se ouvir do álbum, no mesmo nível de “Solitude” e “Changes” da época do Sabbath, quando chega o refrão já estamos dominados pelo som da faixa, e é belíssimo. É uma daquelas músicas que podemos usar para marcar algum momento importante e carregará com ela a lembrança atemporal de que algo aconteceu.
Agora, essas duas últimas… :-(…
10. “It’s a Raid” (com Post Malone)
11. “Take What You Want” (com Post Malone featuring e Travis Scott)
A penúltima é com um tal de post Malone, que eu não conheço, nunca ouvi falar nem escutei alguma obra dele sequer. Ouvi duas vezes, uma para conhecer e outra para tentar gostar. Essa “It´s a Raid” eu ainda engoli, mas a próxima, que fecha o álbum, (Take What You Want) só achei audível o início mesmo, depois, quando começa a batida da de DJ, o estômago começa a revirar… Essa última bomba ao menos veio com a dignidade de informar “(Bonus track for CD, Cassette and Digital releases)”, para deixar claro que não devia estar ali, é o único caso do planeta onde um “bonus” na verdade é um “ônus”. Que diabo é isso? Só pode ter sido uma piada infernal (sem trocadilho). Não sou apreciador de DJs e dance-music etc, talvez por isso não gostei. De repente, para os aficionados, seja uma forma de levar Ozzy para os mais novos, se for essa intenção, passo a respeitara música. Se foi um ponte comercial para o cara, a repudio.
Então, o disco conseguiu trazer coisas do passado, a modernidade (de gosto duvidoso) de estar todo digitalizado e o futuro (?) com a participação do DJ. Até a impressão digital da música inglesa como DNA do Elton estava lá. O que dizer desse disco? Épico maravilhoso, até nas faixas ruins.
ISSO é Ozzy! Aprenda!