O Neo-Estresso 2014

Gosto muito do prefeito de Manaus, Artur; nem sequer o conheço pessoalmente, mas gosto dele – age com a alma, coração e mente na administração de Manaus. Mas, aqui, penso, erra.

– Que nosso sistema viário e mobilidade urbana está em coma não se discute. Precisa solução. De triste memória, houve uma tentativa, era o “Expresso”, um sistema que previa corredores exclusivos para ônibus. Saíram alargando ruas, sem pagarem um centavo pelos metros desapropriados dos cidadãos, tudo para montar o corredor central nas ruas, e umas paradas igualmente diferenciadas, no canteiro central da via; algumas dessas paradas demolidas logo depois de erguidas porque “erraram no estudo de localização”, para serem reconstruídas uns cincoenta metros adiante.

– O sistema começou a funcionar, capenga. Logo surgiram os defeitos:tornou ainda mais inviávia o trânsito dos outros automóveis (lembro que não é só questão de conforto, estamos falando em circulação de riqueza, de transporta de cargas e passageiros, polícia, ambulância, abastecimento e outras viaturas relevantes – foram comprimidas no que restava de faixa de tráfego.

– Para alívio dos Manauenses, o prefeito subsequente aboliu aquela baboseira.

– Como fênix, mas dessa vez, renascida do inferno, ressurge a ideia do Expresso, batizada com sigla BRS – Bus Rapid System. Já vimos que não funciona, mas a administração, não.

– O trânsito, ainda pior do que naquela época, virará estacionamento em asfalto de uma vez. O que nos conforta é que, esperamos, seja isso apenas um bocejo de vitrina para a Copa que, se tudo correr bem, logo o projeto será abandonado depois dos jogos.

– Dizíamos, quando eu cursava o Mestrado, em 2002, que o projetista dessas paradas (do Expresso, agora BRS), tinha sido Justo Veríssimo. Justo Veríssimo era um personagem do humorista Chico Anysio, cujo bordão era “Eu tenho horror a pobre! Quero que os pobres se explodam!”. Então, as paradas ficaram com a imagem de “mata-pobres”; vejamos: As paradas estão no canteiro central…. hã? Isso mesmo: Os usuários terão que atravessar a rua para tomarem os ônibus. O problema surgirá quando aquele usuário chegar atrasado para pegar seu ônibus e sair cortando a frente dos carros para não perder o transporte: lá virá mais uma morte inútil. E quando surgir o primeiro atropelamento, alguém lembrará de responsabilizar o gênio criador dessa Donzela de Ferro?

Por último:

– Por que não se faz algo de verdade e se implanta metrô, clássico ou de superfície, aqui, afinal? A capacidade de endividamento da cidade o permite. Eu explico o motivo: É que nenhum mandatário gosta de obras de tão longo prazo que não possa ser inaugurado no seu mandato.

(Obs.: Esse post trata de Manaus, foi escrito em 11 de janeiro de 2014 – não tenho dados técnicos; me apego à vivência de quem passa pelo local diariamente; se eu estiver errado, que fique o registro futuro do erro. Se eu estiver certo, que fique claro que todos nós já sabíamos o que só a administração pública não percebia quando (re) pensou essa bomba).

bbbb

 

Author: Marco Evangelista

2 thoughts on “O Neo-Estresso 2014

  1. Está chamando as pessoas que pegam ônibus de pobre? Ralé porque pegam ônibus? Muito preconceituoso esse texto.

    1. Rememorei um texto que era dito pelo personagem de um programa do Chco Anysio Show dos anos 70 e 80, que eu não sei se é do seu tempo, e como as paradas de expresso eram conhecidas em 2001. Está indicado no texto tais referências.

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