O motociclista (V) – QUATRO quedas!

Finalizava a primeira das duas horas de aula na moto. Eu já sabia trocar marchas tranquilamente, parar e sair.

Viria o próximo estágio: início do treinamento das curvas fechadas e zig-zag, para a prova do exame de habilitação.

Eu só sabia fazer curva à esquerda, pois não podíamos girar para a outra direção no circuito de treinamento (grave erro de projeto!). Isso me trouxe grande insegurança para curva à direita, que eu não houvera feito, até agora. Curva à esquerda com a moto sem aceleração então, era duplamente mais difícil – Mas eu conseguiria, difícil é só no começo, depois vira comédia.

Nem tanto comédia assim, pelo menos hoje:

Eu estava treinando o circuito da curva fechado à esquerda. Se se abre demais o guidom, a moto tomba por falta de curva, se se fecha demais, a totó tomba por não ter força para completar a curva. Foi o que aconteceu: fechei de mais a curva, e a moto tombou em cima de mim; por reflexo fui apoiar a queda; foi pior: ralei um pouquinho (bem pouquinho) o cotovelo direito, e o antebraço ficou meio assado pelo choque com a asfalto. Ainda bem que estava bem lento, ou a abrasão poderia ter feito um pequeno estrago no meu braço (eu não estava de manga longa!).

Assim que caí chequei logo a perna: tudo estava OK, a perna ficou encaixada sob a moto, de forma que nada estava sendo esmagado – percebi que a engenharia das motos já preveem esse tipo de queda, pois a perna fica meio que “encaixada” sob a moto.

Ao invés de eu sair e levantar a moto, resolvi registrar o momento pra posteridade: minha primeira queda de moto. Puxei o celular e enquanto as pessoas em volta (longe) ficavam apreensivas por eu estar lá parado (“será que foi grave?”) tratei de tirar dois selfies; eu estava feliz com o batismo, por isso saí sorrindo nas fotos.

Meu instrutor ajudou a tirar a moto de cima de mim, me perguntou se estava tudo OK, e continuei a aula normalmente (mas com o antebraço ardendo).

A primeira queda a gente nunca esquece - Eu estava sorrindo mas o braço esquerdo estava ardendo
A primeira queda a gente nunca esquece – Eu estava sorrindo mas o braço esquerdo estava ardendo

Um outro instrutor se aproximou de mim e disse: Você agora está realmente habilitado! – Foi exatamente o que pensei, afinal, que graça tem não ter uma história de queda de moto pra contar?

Bem, já que caí, passei de fase, certo? Errado…

O segundo tombo foi por absoluta leseira inexplicável: um outro “em treinamento” não conseguiu frear a moto, íamos bater; tive que frear de emergência. Mas fui parar a moto na entrada de uma curva; pecado mortal. Ela chegou a parar, mas já parou tombando e eu não consegui mantê-la em pé, ainda tentei, mas ela caiu – bem, a parte boa é que consegui ainda não fazê-la tocar o chão, ficou coisa de uns três dedos acima do asfalto. O Instrutor veio correndo: “Deixa tombar! Deixa tombar!” – mas não deixei, e ele me ajudou a erguer a CG 125.

O terceiro tombo foi o que eu mais me bati embora não tenha me ralado. Senti um estrondo fortíssimo quando caí: era uma pancada da cabeça do asfalto. O capacete realmente funciona, protege e é absolutamente essencial! Pelo volume do estrondo de dentro do capacete, a pancada teria sido feia, mas nada sofri na cachola, 10 pro capacete! – Meu instrutor chegou perto de mim e disse: – Chega de tombos por hoje! Vamos dar baixa na aula, continuamos amanhã! – Não! – Eu disse – Deixa eu fazer o circuito mais uns dez minutos.

Fiz o circuito e, teimosamente, fui me meter a fazer treinar a mesma curva fechada e…

Bem, o último tombo, também na dita curva fechada à esquerda tentando fazer o “8”, eu fui atirado para fora da moto, caí de barriga há um meio metro da máquina, não me bati, caí apoiado nos antebraços que, estranhamente, não ralaram. A moto que se ferrou, nessa: vi que a manopla esquerda (o lado que tombei) havia quebrado a ponta, o pedal de apoio ao freio havia amassado um pouco. O mais legal desse tombo foi que eu mesmo, sozinho dessa vez, consegui erguer a moto! Pega!

Registramos a saída da aula de hoje. Acho que a bruxa estava solta, pois a próxima aula do horário, na mesma moto, mal montou já ia caindo também, só não tombou porque o instrutor ainda voltou rapidamente e levantou a moto.

Se estou assustado? Claro que não! Adrenalina pura! Rumo à próxima aula!

Já parou de arder, ainda bem!
Já parou de arder, ainda bem!

Author: Marco Evangelista

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