O “efeito filho”

Quem vê os quadros onde retratei meus pais e os conhece ao vivo, surge logo o comentário: “Mas você os pintou bem mais novos!”.

Realmente, nas pinturas, meus pais estão pelo menos vinte anos mais novos.

Isso tem um nome: “Efeito filho”, e não acontece só comigo.

Conto uma história que aconteceu em 1997:

Em uma exposição do artista e meu amigo Aníbal Turenko, havia um quadro onde ele havia retratado o pai dele, Aníbal Beça.

E o Aníbal Beça estava muito, mas muito mais jovem na pintura do Turenko. Ao invés de eu pergntar o motivo da disparidade do Turenko, fui tirar onda com o Aníbal.

– Você está novão na pintura do Turenko, hein?

– O pai aos olhos do filho fica sempre mais novo!

Nem ri. Só fiquei pensativo. Devia ser papo, acho que estava justificando a imprecisão temporal da imagem da obra.

Agora, quase vinte anos depois, quando retratei meus pais em pintura, percebi que o Aníbal estava absolutamente certo: mesmo tendo a opção de retratá-los com a aparência atual, já com plenos sinais de terceira idade; mas não! Algo mais forme nos faz querer retratá-los jovens, acho que é porque assim que gostamos de lembrar dos nossos herois: joviais, para viverem para sempre.

Pesquisei no Google mas não vi nada a respeito, chamemos isso de “efeito filho”.

 

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