Lavei a alma quando percebi que Roberto Carlos conseguiu emplacar uma música, por vários motivos.
1 – O último grande sucesso do Roberto foi em 1985, com a música “Caminhoneiro”. Isso mesmo; desde lá Roberto não emplacava mais nada. Apesar de ter toda a mídia às ordens, tem sido sempre alguma música temática (gordinhas, óculos, religião) tocada à exaustão para promover o disco daquele ano, mas nenhuma dessas músicas entravam no inconsciente coletivo, tanto que logo depois, caiam no limbo do esquecimento. Até 1985, todo ano tinha uma música de sucesso mesmo! A primeira que lembro, digo, que percebi “in loco e in tempo” foi “A montanha” de 1978; e ele já tinha um ou vários sucessos a cada ano até então.
De 1978 a 1985 todo ano emplacava algo realmente bom, que ouvíamos cantarolado nas ruas, em todo lugar. Assim foi até “Caminhoneiro”; daí, Roberto sempre foi conhecido pelo grande músico das multidões, pelos sucessos do passado, pela Jovem Guarda, tals, é a história viva.
Agora mesmo, enquanto escrevo esse post, perguntei à Edyranne quais músicas do Roberto ela gostava, ela respondeu “Detalhes”, “Como é grande o meu amor por você”, ou seja: só sucessos antigos (antes dela nascer!).
Eis que agora, em 2012 e com 71 anos, vejo Roberto emplacar mais uma música como nos velhos tempos, como a minha geração via (sim, pois a geração depois da minha já conheceu Roberto pelo que ele foi, não pelo que estava sendo!);
2 – O segundo motivo é que o Roberto me mostra aquilo que eu sempre acreditei, e que os Ramones mostravam também: É possível fazer sucessos fazendo sempre a mesma coisa, sem mudar nada – sim, as pessoas tem predileção pela estabilidade e às vezes, principalmente em música, é bom se modernizar sem mudar – não é à toa que vez em quando as grandes bandas voltam às origens: para voltarem a ser o que sempre foram;
3 – O terceiro e último motivo é que o sucesso da “Esse cara sou eu” mostra que a clássica forma da estrutura melódica da música pop ainda continua funcionando: Introdução/quadra/pré-refrão/refrão/quadra/pré-refrão/refrão/ponte/refrão. (Os compositores entendem bem isso que escrevi). E a temática, então, é universal: o binômio homem+mulher.
Enfim, fiquei realmente feliz com essa conquista dele, ainda mais que o Roberto é um dos fundadores da associação de compositores a que sou filiada, a Socimpro.
Que venham outros sucessos.