É a obra que mais me dá orgulho!
Sabe aquele lance de que “não se pode dizer de qual filho se gosta mais”? É só papo. ESSE é o livro que eu mais gosto. Nem é o que mais vende, nem é o mais divulgado, mas é a obra pela qual eu gostaria de ser lembrado.
Diz a contracapa:
“NIVI traz à vida a cidade de Manaus em dois momentos: 1998 e 2005; quando um conjunto de amigos arquiteta a solução de um suicídio e de uma catástrofe de engenharia, paralelamente Nícolas se vê às voltas com sua paixão maior, Vilma.
A trama se complica com o julgamento de um dos companheiros, Tício, o que acaba parando a cidade pela importância do veredito.
Uma história envolvente que leva o leitor a várias reflexões no campo político e jurídico, em uma cidade cuja lei maior é matar ou morrer.
Intrigas, mistério, suspense, religiões e política se misturam nesta trama de Marco Evangelista”
Na orelha do livro, consta:
“Dois momentos unem um grupo de amigos que costumam conversar sobre mulheres, direito, política e comportamento. Um dos integrantes tem um relacionamento conturbado com uma moça que o leva a estranhos pensamentos. O grupo se vê entre informações de crimes e de desmandos na cidade. O que se espera do Poder Executivo? E do Judiciário? Até onde um homem pode ir por uma mulher?”
Como degustação, segue a abertura do livro:
Subiu a escada, medindo mentalmente a distância e a altura de um degrau para o outro.
Apoiou-se na parede. Algumas daquelas portas deviam ser o seu apartamento; encontrou: era o que tinha contas entrejogadas por debaixo da porta…
Tinha que abrir a porta. Por mais que olhasse atenciosamente, havia mais de doze buracos de fechadura; saiu colocando a chave em todas; em alguma devia caber; coube. Virou. Abriu. Entrou.
Algo escorria pela face. Chuva? Lágrima? Suor? Passou o dedo, olhou.
Nenhum dos três; era vermelho. Não ia limpar agora.
Que se danasse!
Procurou o quarto; devia ser o cômodo com a luz acesa… nunca a apagava…
Tinha medo de estar sendo seguido: sabia demais.
Saiu cortando caminho por entre a roupa espalhada pelo chão. Tomou cuidado para não escorregar no refrigerante derramado no almoço, que ainda não enxugara.
Tudo estava turvo, parecia tremer; o chão não estava plano. Fez mal em ter bebido.
Chegou ao quarto; devia haver lugar na cama que o coubesse, já que esta era uma espécie de porta-treco, tudo jogado por lá…
Estatelou-se nas molas.
Lembrou-se da caixa, que ainda estava sob a cama; tinha que se livrar daquilo.
Levantou a cabeça; a força que ainda tinha no pescoço permitiu, olhou para a foto, colocou a mão sobre ela.
Chapado!
Na mesa do quarto ainda pendia o jornal lido pela manhã sobre a investigação do homem que se suicidara, estatelando-se no chão em pleno TRT, da Praça 14. Voara do último andar da nave central do prédio, segundo o jornal. Nem lera a notícia inteira, já que sabia mais que qualquer um sobre aquele fato; o medo agora era de ser alcançado e ter que contar. Saber demais é perigoso, ainda mais em Manaus, naquele estado.
A perna caía pelo lado da cama… um braço dependurado, tocando o chão, o outro segurando a foto… Como aquilo de sete anos atrás resultaria assim?
Não dava para ter evitado?