Eram pesadas.
Verdadeiras peças engenhosas da mecânica.
Qualquer documento formal ou mais rápido, escrevíamos nelas: Eram as máquinas de datilografia, ou “máquinas de escrever”.
Em quase toda casa havia, ao menos, uma máquina de escrever portátil. Sendo, as maiores, para os escritórios.
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1 – Usavam fitas, de pano, embebidas em tinta, compradas em carretéis. Duas cores, preta e vermelha (ok, havia uma toda azul, também), que mudávamos com uma chavinha à direita do carro, que era o sustentáculo do papel (ou das folhas, com papéis carbonos intercambiados), ia de uma lado para o outro.
2 – Ao final da linha, puxávamos o carro com uma alavanca que, ao mesmo tempo em que voltava o carro, girava o tubo compressor do papel para a linha seguinte.
3- Precisávamos ter os dedos fortes, senão a força do tipo não comprimia a fita no papel a contento.
Era assim: Se batêssemos fraco, a letra ficava apagada e, pior, com a textura da tinta tintada sobre a letra; se batêssemos forte demais, a letra ficava em negrito bem em meio à palavra!
Se fôssemos ultrarrápidos no toque, simplesmente os tipos se emaranhavam, travando escrita. Precisaríamos então, com as duas mãos, desembaralhar os tipos, e voltar a digitar, digo, bater.
4 – Alinhar à direita? Era coisa pra ninja! Acertar quando hifenizar as palavras era coisa pra Cavaleiro Jedi.
Centralizar? Só “no olho ou na sorte” mesmo.
5- Era difícil ter uma escrita limpa. Muito difícil. O papel ficava um misto de melado de corretivo com marcas da fita tintada; isso afora as imperfeições de alinhamento dos tipos, com uma letra em cima outra embaixo; todos aceitavam isso, pois é o que havia, na época.
6 – Os erros? Ah… os erros… Helios! Carbex! Sim, o “error ex” da época era bem diferente do de hoje. Nos anos 80 ele tinha cetona e álcool, e eram muito melhores, secavam instantaneamente; o cheio era legal, mas um ou outro ficava viciado, e a Carbex retirou a cetona e o álcool da fórmula. Passou a demorar pra secar, como hoje, foi seguido pelo liquid paper, esse meio ruinzinho.
Um outro tipo de “error ex” existia, eram folhas com pó branco. Tínhamos que colocar a folha sobre a letra errada e rebater (na letra errada), e essa era pintada de branco pelo pó. “simples”, né?
7 – Era sinal de entrada na vida adulta ter um curso de datilografia. Manaus tinha algumas escolas, a mais conhecida delas ficava na Avenida Carvalho Leal, na Cachoeirinha, passei muito lá na frente e vi alunos com um banquinho sobre as mãos.
Lembro quando meus tios ficaram felizes ao receber, pelo correio, certificado de datilografia do meu primo João Neto, no Rio e Janeiro, quando estávamos de férias lá.
8 – Da minha geração pra cá nos adaptamos bem aos teclados de computadores; mas a geração pré-60 tem apega àquelas máquinas. Meu pai, por exemplo, até hoje, mesmo usando computador no trabalho, ainda redige documentos em uma pesada Olivetti, daquelas bem barulhentas (daquelas que ainda tem a campainha quando está quase no fim de cada linha!).
9 – Ok, podem me acusar de falsa cronologia, já que tais máquinas ainda existem e são usadas atualmente, mas hoje são opção. Na época, era tudo o que nós tínhamos! (Sim, já havia máquina elétrica, mas só nos escritórios e, no fim da década, começara a surgir máquinas eletrônicas, da Canon e Panasonic);
10 – Igualmente, já por 87 ou 88, as impressoras começaram a ser usadas por alguns micreiros, era a sensação na sala do colégio quando algum desses aparecia lá, com as letras formadas por bolinhas (das impressoras matriciais). Mas isso é outro post.
Ótimo trabalho!
Após perder muito tempo na internet encontrei esse blog
que tinha o que tanto procurava.
Gostei muito.
Meu muito obrigado!!!