Sua música surgiu no Brasil só em 1995, quando entrou na trilha sonora da novela ” A próxima vítima”, da Globo – a música foi gravada em 1973; é um misto de country e folk).
Ninguém ouvira falar de Jim Croce. Logo uma gravadora se apressou em lançar no Brasil uma coltânea do mesmo.
Na Tv Bandeirantes passava a propaganda “Você conhece essa música? Esse é Jim Croce!…. etc” (Se diz “Krôuti”) – Ele tinha uma aparência grosseira mas sorridente, daqueles como já escrevi aqui no blog, que a gente “olha e vai com a cara de graça”.
A música que estourou no Brasil era a “I got a name”, o clip está no video abaixo.
Bem, aqui termina a parte legal.
Estávamos em intervalo da faculdade, naquela época de quarto período de Direito; me encontrava conversando com o meu colega Daniel Nogueira (hoje um dos maiores expoentes da advocacia aqui do Amazonas), quando ele se referiu a Jim Croce.
– Ah, sim, o que canta a música da novela. Ele tá fazendo show no Brasil? – Perguntei.
– Jim Croce morreu pô, faz tempo! – Disse rindo, como que não acreditando que eu não soubesse.
Escutando a coletânea do Jim, gosto de duas músicas, a “I got a name” e “I’ll Have To Say I Love You In A Song” que, depois, fui descobrir que foi regrava em português por Fernando Mendes, lá pelos fins dos anos 70.
Bem, motivos nos trazem tristeza na biografia de Jim:
1 – Ele era um caminhoneiro, gravou o primeiro disco pagando do próprio bolso, em 1966, não encontrou venda ou reconhecimento algum, mas não desistiu de mostrar sua arte;
2 – Foi contratado depois, quando então estourou nacionalmente, já em 1973.
3 – E, justo quando estourou… morreu. E morreu subitamente, em um acidente de avião.
Ou seja, morreu justo quando viu seu sonho ganhar realidade.
Além disso, a letra de umas de suas músicas nos faz mal, talvez por nos fazer refletir muito. É a que nos diz:
“Se eu pudesse poupar tempo em uma garrafa
A primeira coisa que eu gostaria de fazer
Seria guardar todos os dias além da eternidade
Apenas para gastá-los com você”
Ou seja: Isso é o que pensamos quando perdemos qualquer pessoa que gostamos. (Tradução completa da letra AQUI)
Sabendo que a letra diz isso, e assistindo ao clip da mesma, onde ele surge com o filho; que pensamentos lhe invadem?
No mais, o cara ter sido o maior gente fina, alegre e magnético mesmo; religioso, apegado à família. Até hoje seu país tem grande apreço por sua memória e consideram uma injustiça o que e como lhe aconteceu.
Tenho redescoberto Jim Croce atualmente; havia comprado o CD da coletânea em 1997, mas nunca sequer o havia escutado inteiro – agora o redescobri.
Às vésperas do meu aniversário de 40 anos (e do mesmo tempo da morte de Jim, que partiu em 1974), tenho pensado muito sobre tudo isso: A busca, se valerá a pena quando o atingimento da meta, família, partida, essas coisas…
Esse é Jim Croce.
Conheci o trabalho dele no ano passado quando estive em Los Angeles. Tinha um cara bem coroa tocando violão no Pier de Santa Mônica enquanto eu filmava o lugar e meus amigos. Quando voltei de viagem reparei na música que estava no vídeo e fiquei louco para saber que música era. Por fim fiz enviei para amigo meu que morou lá, e ele consegui pegar um pedaço da letra que estava quase impossível de entender no vídeo. Colocamos no Google e descobrimos ser Operator de Jim Croce. Esse foi só o primeiro passo de uma grande descoberta musical na minha vida. Hoje posso dizer que sou um fã e fico triste só em imaginar quantos outros trabalhos ele iria produzir… Nos tempos de hoje, descobrir um Jim Croce é um verdadeiro prêmio, e por morarmos no Brasil diria que o fator sorte também conta, pois não é fácil ouvir algo dele por aqui.
O som dele é lindo! Não conhecia, valeu a pena escutar!
A Rádio Mundial do Rio de Janeiro tocava sem parar “I Got A Name” nos anos 70. O LP do mesmo nome, lançado em 1973, ano da morte de Croce, é muito bom. Tarantino incluiu “I Got A Name” na trilha sonora de “Django Livre”. Enfim, foi uma grande perda para o folk-country americano e para a música pop em geral. Ah, sim, no LP de Fernando Mendes de 1979, a música “Eu Queria Dizer Que Te Amo Numa Canção” está creditada como de Iracema Pinto, Fernando Mendes e Miguel e não como versão de “I’ll Have To Say I Love You In A Song”, de Jim Croce. Não sei se nas edições posteriores consertaram.