Ontem precisei ir muito rápido ao Manauara Shopping para comprar algo em uma loja que só lá existia com acesso mais próximo. Depois do segundo lockdown sofrido aqui em Manaus, seria minha primeira ida ao shopping, e não para espairecer e escrever em cafeteria, mas objetivamente para fazer uma compra, daria até para fazer tudo nos 15 minutos bonificados do estacionamento.
O estacionamento estava lotado, bem como o shopping, algo realmente como uma um enxame.
Quente, muito quente, a impressão que me passou é que, para economizar energia, desligaram o ar condicionado (ou então era o ´efeito bafo´ da multidão mesmo). Estava muito parecido ao centro da cidade em um sábado de manhã em épocas normais. Impossível andar em linha reta sem esbarrar em alguém.
Estava claro o desespero das pessoas em estarem associadas de novo, talvez viciadas em shopping como eu mas ainda em síndrome de abstinência.
Muitas lojas fechadas, não havia quadrante onde não se avistasse ao menos três lojas com papéis de vedação nos vidros e, ao contrário de épocas normais, nem houve a preocupação de mandar o caô da plaquinha “Fechado para Balanço”, só fechado e pronto, nesse aspecto, ficou bem parecido com o Shopping Ponta Negra, com várias posições sem lojas.
Nas lojas abertas, filas na frente, posto que havia limitação legal à quantidade de clientes a serem entendidos.
Diferente da primeira reabertura, o medo (e não alívio) estava estampado no rosto das pessoas, como já passamos de dez mil mortes por Covid aqui em Manaus, é claro que, pela lei da probabilidade, todos ali perderam alguém próximo de alguma forma, isso se mostrou nos semblantes, mesmo lotado, todos se afastando de todos, encostar ou esbarrar nem pensar, parecia que todos tinham um transponder de 10 centímetros no corpo, e a atenção quanto a isso somado ao medo, fez com que o ar ficasse com uma densidade pesada, se podia sentir a tensão, nada parecido com o sentimento de paz e estabilidade trazido pelo shopping em das normais.
E quando fui sair, faltava só três minutos para completar os 15 minutos… teria que pagar o estacionamento. Na maquininha de pagamento um novo reflexo do medo: cada um estava a quase dois metros do outro na fila. O medo ensina…