As funções do (contra)Baixo

Eu acho que o baixo é um instrumento tão essencial quanto incompreendido (a relutância em chamar de “contrabaixo” é que todo músico só gosta de chamar tal instrumento de “baixo” mesmo). Escrevo esse post com conhecimento de causa, pois fui baixista nas bandas em que atuei entre 1993 e 1996.

O baixo é tão importante que pincei sete das funções que ele representa em uma música:

1 – Completar a percussão – Ainda que alguns digam que não, baixo é um instrumento percussivo também! E por vezes em que a bateria está fazendo tá……tá……tá…… o baixo faz tátátátá… e isso preenche os espaços vazios entre os tempos deixados pela bateria, fazendo na prática com que a caixa-bumbo-chimbau marque os tempos fortes, enquanto o ritmo seja sustentado… pelo baixo! Até existem trechos de algumas músicas onde a bateria para por alguns segundo, e só o baixo pulsando (junto ao vocal, sozinho ou com outro instrumento) consegue manter a percussão, como se fosse possível comutar entre a bateria e o baixo para, sozinho, marcar o ritmo da peça;

2- Marcar o bumbo da percussão – O bumbo tem som grave, timbre seco… como fazer para que o “timbre” do bumbo fique cheio? Ora, basta fazer uma nota do baixo soar junto com o bumbo! Essa é a função mais básica do baixo, quase que fazer o “bumbo ter uma nota melódica”, lembro que quando fui gravar uma das faixas com a “Alta Ralé” em 1993, o técnico disse “Você está tocando notas demais! Procura economizar e deixar soar mais a que cai junto com o bumbo!” – Arghhhh

3 – Integrar a percussão com a melodia – Imagine a imagem: um chão (a percussão) e as nuvens (a melodia). Lá perto da melofia, em cima, logo abaixo ds nuvens, está  aharmonia, que é a “cama” onde a melodia navega. Bem… existe um grande vazio entre o chão e perto das nuvens. Como preencher esse vazio da música? ELE, o nosso herói! O Baixo! Dentre suas mais nobres funções, está o de “misturar” em nosso cérebro o mundo da percussão om o mundo da melodia. É a própria melodia percutida e a percussão melódica. O que dá sentido ao amálgama do “tum-tum-tum” da batida com o “lááá lááá lááá´” da música. É por isso que quando escutamos uma música sem baixo, a achamos “Magra”, “vazia”, sabemos embora não saibamos o que é (bem, os músicos instrumentista sempre sabem);

4 – Fazer a base da música – Para que uma música comece a fazer sentido melódico na nossa cabeça, precisa ter uma linha bem clara do caminho, de qual parte para qual nota vai. Até para que a harmonia possa fazer floreio, variação, ir e voltar e continuarmos com a coerência da música na cabeça, se precisa de uma fundação, um alicerce: é o baixo que faz tal estrutura;

5 – Completar a harmonia – Já vi uns baixistas passearem pelas notas durante  a base – notas essas que não eram tocadas pela harmonia, resultado: o próprio baixo acabava sendo uma harmonia autônoma dentro da própria harmonia, tornando-a ainda mais rica, algumas bandas (como o “Wishbone Ash) possui linha de baixo tão desenhada que quando escutamos até deixamos de apreciar a harmonia das duas guitarras  para ficarmos vidrados na harmonia gerada pelo baixo;

6 – Segurar toda a harmonia – Quando estamos falando de um “power-trio” (aquelas bandas formada por baixo-guitarra-bateria), o baixo não tem só função de “baixo”, mas sim da própria harmonia completa, às vezes; principalmente quando a guitarra vai solar.. aí, o baixista tem que se virar pra fazer a base e a harmonia inteira, enchendo todas as frequências e aumentando a velocidade dos toques para não deixar buraco algum na “cama”. Fazer isso é o que difere um baixista de um grande baixista.

7 – Solar – Sim, o baixo pode solar e todo solo e baixo é mais facilmente lembrável do que um de guitarra, justamente porque é “raro”. Baixo também tem som agudo, ainda que com timbre cheio. às vezes, é no solo de baixo que um leigo percebe que “auela guitarra estranha” lá no palco “tem som, afinal”…

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Em outro post, em breve, escreverei sobre as evidências de porque eu penso que o baixo é tão injustiçado.

 

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