Há uns vinte anos, um colega de faculdade (de contabilidade) falava em uma roda do intervalo:
“- Lá do quartel eu sou discriminado, porque fim de semana não paareço lá pelo clube. Pô! Já passo a semana toda milicando, que diabo que eu vou fazer lá no Clube Militar fim de semana? Ficar conversando com o Coronel como uns puxa-sacos? Eu não, de caserna já basta a semana!”
Tempos se passaram e hoje sempre vivo algo parecido, referente à situação de ser convidado para alguma festa de faculdade fim de semana: churasco, casamento ou aniversário de aluno, confraternizações (de alunos e professores); e tento me esquivar como posso.
É que fim de semana tento – tento! – esquecer que existe trabalho, e qualquer pessoa, coisa ou lugar que me lembre “faculdade” me faz mal, me tira o pouco de paz que aquele dia e meio de folga (já que atá sábado de manhã ministro aula em faculdade! sério!).
Quando eu me refiro a “folga”, sequer significa descanso, é folga da atividade profisisonal – já que fico o fim de semana escrevendo, pensando, compondo, etc.
É por isso que não sou visto nesses eventos. Isso só aumenta a aura de antisoccial que eu já naturalmente tenho. É o preço.
Então, meu querido aluno ou colega de trabalho: quando eu não me faço presente no evento tão importate para o qual você quis me convidar, ou convidou, é pura e simplesmente por mecanismo de sobrevivência.
Lembre que eu ministro aula em TRÊS faculdades, no TRÊS turnos – trabalho 12 (doze!) horas por dia. Minha vida é faculdade.
E portanto o básico-do-mínimo-do-quase nada que devo fazer, para continuar sempre turbinado em sala, como sou: conseguir as sagradas 36 horas de folga que o calendário me dá, chamando-o de fim de semana.
Entendeu? Carinho e consideração para você, sempre.