Ontem escrevi sobre o ciclo Slow/Speed, sobre estar sedentário e atuante (efeito sanfona, em Português). Hoje escrevo sobre outro ciclo.
Quando somos mais novos, vivemos momentos felizes e cometemos dois pecados: não sabemos instantaneamente que se trata de um momento feliz e, por conta disso, não o colocamos na área racional de classificação de momentos (o que alguns outros podem chamar de “não valorizar”). isso faz com que, tempos depois, passemos a sentir saudade de vivências que, quando estivemos lá não imaginaríamos sequer que seriam lembradas, quanto menos de forma saudosa.
Pior: Momentos que achamos tristes quando acontecem, logo depois passamos a achá-los felizes, quando ficamos ainda pior e passamos a ter saudade daquele momento em que “estávamos felizes”.
O inverso também ocorre, quando se faz o flash-back, logo percebemos que momentos em que achávamos que éramos felizes, na verdade, nem éramos, apenas naquela ocasião talvez pensamos que estávamos sendo, talvez por termos acabado de sair de alguma coisa ainda pior. Bem, ao menos aqui é benéfico não conseguirmos saber “in loco” que estávamos em um momento ruim, ao menos isso não o estraga – já que pensávamos estar em um bom momento em pleno momento ruim.
Uma coisa boa da idade é que passamos a perceber instantaneamente quando aquele momento é um daqueles que ficará gravado como feliz. Certa vez escutei Flávio Gicovate (sou fã dele) dizer que algumas pessoas tem medo de momentos felizes, pois pensam logo que aquilo pode acabar.
Em momentos tristes sabemos que aquilo vai passar e temos a certeza que em algum futuro vamos dar risada de tudo aquilo, isso ajuda a caminhar no deserto.
Em momentos felizes também sabemos que aquilo vai acabar, e isso nos torna mais “in time”, vivendo aquilo ainda melhor.