Empregados domésticos – A exclusão

Há uns quatro anos, um amigo meu, Alberto Bezerra, me disse, ao voltar de mais uma de suas viagens aos Estados Unidos:

– É incrível, Marco, lá as casas não tem empregadas!

– Ué, porque não tem?

– É algo tão caro ter empregado em casa, que só uns poucos milionários tem. Cada uma é que cuida sozinho da sua própria casa.

Realmente, quase não existe empregados domésticos em filmes de Hollywood…

Estávamos em 2010, não imaginava eu que logo tal realidade haveria por aqui também.

Desde 2013 vários direitos trabalhistas foram incorporados aos empregados domésticos. Como estamos no Brasil, tudo tem que ser pela metade: ainda não são todos os direitos extensíveis aos domésticos (FGTS continua facultativo) e, aos que foram concedidos, muitos deles, enquanto escrevo esse post, ainda não estão regulamentados (como o adicional noturno para os domésticos).

Hoje, enquanto escrevo esse post, entra em vigor a multa de pelo menos R$ 808,00 para empregadores que não assinarem as carteiras dos obreiros domésticos.

Bem, façamos a observação fria:

– A classe média optou por, simplesmente, demitir seus empregados domésticos (e não voltar a tê-los!), seja por ter ficado caro demais, devido aos novos direitos, seja por haver uma nova gama de documentação e burocracia que, simplesmente, passou a compensar menos ter um empregado doméstico; a menos, é claro, que:

  • Você seja rico, e
  • Tenha um contador ou auxiliar (ou então tempo, disposição e paciência) para controlar as obrigações trabalhistas dos empregado.

Já que só ricos e com tempo para controlar documentos – ou que tenha alguém encarregado para tal – possuem empregados domésticos, toda uma classe de empregados domésticos migraram para o trabalho de diarista, ou passaram a ser obreiros em empresas de conservação doméstica.

A “exclusão” a que me referi no título, portanto, é dupla: Tanto a classe média se viu excluída do mundo dos que possuem empregados domésticos, como estes, os obreiros domésticos, se viram excluídos do mercado de trabalho, ao menos no presente momento.

Empregados domésticos são auxiliares de luxo, acessíveis a poucos. Cuidemos nós mesmos da casa (ih…).

E só agora entendo aquilo que meu amigo me disse há quatro anos, que escrevi no início do post.

acite

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