Sou contador.
Amo contabilidade. Gosto mais da ciência do patrimônio que do Direito. Foi uma faculdade que cursei com o coração.
Fui a primeira turma a ter o Exame de Suficiência do CFC obrigatório.
Não fiquei nem seis meses no mercado. O cenário para o contador é de desilusão.
– O empresário vê o contador como um mal necessário; um encargo, um peso-morto, uma pedra a ser levada de um lado par ao outro que, às primeira oportunidade, preferia se ver livre;
– Serviços que tipicamente são atribuídos ao contador: Abrir e fechar empresas, “fazer balanço” e ser despachante de luxo juntos aos órgãos fazendários;
– Em qualquer operação de combate à lavagem de dinheiro, corre o risco da corda estourar do lado do contador que é quem presumivelmente, tem melhor conhecimento sobre a evolução patrimonial do cliente;
– O CFC não ajuda a fortalecer a profissão. Toda a utilidade gerencial da contabilidade foi encampada pelos economistas que, inteligentemente, souberam se fazer firmar no mercado como profissional que fazer projeções sobre o destino patrimonial da entidade; e a questão tributária foi encampada pelos advogados; que seriam originalmente constituídos para litígios e consultas sobre conflitos, souberam se firmar como consultores tributários diretamente ligados aos números da empresa.
Existe algo chamado “contabilidade gerencial”, que pode ser instrumento de crescimento estratégico em qualquer empresa. Meu TCC foi sobre isso (controle gerencial da tributação na Zona Franca) – mas, no Brasil, nunca pegou esse negócio de “contabilidade gerencial”, é coisa de “país fresquinho de primeiro mundo”…
Enfim, sobrou para o contador ser o “guarda-livros” mesmo.
1) Que um dia isso mude; e
2) Feliz Diz do Contador.
Ao sair da faculdade de contabilidade em 2004, sua escolha de não seguir a profissão e cursar a faculdade de direito foi compreensível. Em 2016, seria, ouso dizer, burrice. O mercado do direito é um dos mais saturados do Brasil, muito mal se tem espaço. Vejo dezenas de advogados na rua distribuindo cartões de visita por falta de clientes. O PRÓPRIO ADVOGADO, na porta do INSS ou similares, enquanto o mercado de contabilidade possui poucos profissionais em atividade. Hoje indicaria a um recém formado no ensino médio optar por direito ou contabilidade?