Era lá por 1982 ou 1983, não me lembro, quando um aviso no jornalzinho de domingo do “A Crítica” dizia que, no próximo domingo, haveria um novo suplemento, um tal de “Curumim”.
Fiquei com raiva, pois já estava acostumado a desde 80 pegar o jornal de domingo assim que meu pai chegava em casa, e procurar o jornalzinho pequeno. O ia lendo no caminhodo nosso balneário ao lado que ficava ao lado da Ponte de Bolívia, e enquanto escutava Paulo Sérgio ou Jovem Guarda no som RoadStar do Opala do meu pai.
Na época, o suplemento infantil continha um resumo dos programas infantis da semana, quase quase duas dezenas de tirinhas, além de uma mini história da Mônica; ou seja: era algo muito legal, mas totalmente “importado”. Por gostarmos daquilo, veio a apreensão com a mudança do próximo domingo.
No dito domingo, o jornalzinho estava diferente, agora era “Curumim – o herói da Amazônia”. Com fotos de crianças daqui, texto do criador, Mário Adolfo, texto sobre algum tema de pesquisa (no estilo dos tópicos da coleção “Tesouro da Juventude”), seção de cartas – onde agora constava o bairro, e sabíamos que, ao menos, era daqui mesmo. na última página havia uma história de página inteira protagonizada pelo indiozinho, o Curumim, tendo como coadjuvante uma tartaruga que esqueci o nome. Tais quadrinhos uniam alguma mensagem ecológica com piada. Não nos esqueçamos que o máximo que tínhamos em quadrinhos fora do suplemento era a “charge” do meio do jornal durante a semana, então, no meio do quase nada, pouco era muito!
Na sessão “passatempo” havia umas duas tarefas para resolver; palavra-cuzada, labirinto, jogo de erros e tals. Vez ou outra víamos alguma foto de algum colega conhecido – não nos esqueçamos que manaus, naquela época tinha por volta de um quarto da população de hoje; ou seja, o “Curumim” acabava sendo realmente o “jornal” pra criança.
Amigo blog-interator, não ria! Acredite, em época que não havia internet, era tudo aquilo de grande valia para termos algum contato com a realidade além-casa-escola; era o que havia de texto mais dinâmico, já que livros e revistas nos chegavam às mais com meses ou anos de editados.
Os suplementos, nessa época, não eram a cores, ainda. Aliás, acho que página alguma de jorna algum o era.
Um dos acontecimentos marcantes foi em alguma tarde, lá por 1984 – no Ida Nelson quando Mário Adolfo fez uma visita lá. Fui chamado na sala para ir à sala da Diretora, Dona Yvone – pensei que fosse bronca, claro!
Na sala estava Mário Adolfo – ele era magrinho – e alguém que não sei quem é, conversando com a Diretora, estavam fazenod uma matéria sobre o colégio. Lhe haviam dito que eu desenhava algo aproveitável, ele me deu uma folha e disse: Desenha algo pra publicarmos!
Desenhei uma caravela.
Naquele domingo mesmo lá estava uma matéria sobre o Ida Nelson e lá no canto da página, junto com uns outros dois ou três… o meu desenho! Show!!!!
Como a vontade de escrever esse post foi maior do que a disposição para procurar o dito jornal, que guardei-mas-não-sei-onde, não será hoje que ele estará aqui. Quando o encontrar, posto.
Perdi o interesse pelo “Curumim” lá por 1986, quando comecei a achar tudo lá meio infantil (não ficou infantil, eu é que…); e nunca mais tive notícias dele.
Vez ou outra vejo foto do Mário Adolfo em algum lugar. Será que ele imagina que foi nosso guru em algum momento? Nosso Maurício de Souza? Acho que sim.
Mário Adolfo hoje tem um blog: O BLOG DO MÁRIO ADOLFO.
o LINK: https://www.blogdomarioadolfo.com.br/