Eu passei a escutar esse CD lá por 2013, de tanto ler sobre ele, que era o mais isso e mais aquilo. Cheguei a comprar e ler um livro inteiro sobre ele, naquele início de 2014. A gravação é de 1964 – me parece que a gravação foi ao vivo e só com microfones de ambiente. O som é todo muito cru e direto, pouco ou nenhum processamento.
Mesmo já tendo tudo em MP3, comprei o CD na Saraiva, e o estou escutando no carro.
São quatro músicas. Na primeira audição achei chato, mas aí fui ouvindo e agora já o escuto direto vez a pós vez.
A primeira inicia com uma abertura que tem uma dupla função: avisa que iniciou a música e anuncia o próprio CD. Logo depois entra a frase principal da música, parecendo uma guarânia, uma música caribenha, mas isso dura só um minuto, depois começa jazz da pesada. Asim vai por uns 7 minutos de improviso, lá pelas tantas o trompete entra na frase principal da música e, surpreendentemente, surge um vocal na frase, cantando o título do disco. É o único vocal do disco.
A segunda música tem uma frase que lembra anos 30, algo como as big bands. E termina com um minuto de solo de bateria e mais de um minuto de solo de baixo, só o baixo. Quase podemos ouvir o ambiente, senti-lo como se transportado para dentro do carro, através do som daquele baixo acústico.
A terceira música é onde mais se nota o virtuosismo. Já no segundo minuto o piano faz umas frases rapidíssimas, parecendo que pianista está rindo da nossa cara e dizendo “olha o que eu faço, cara!” – Muito rápido mesmo! E em nenhum momento a bateria fica em segundo plano – aliás, fica na caixa direita quase o disco inteiro, às vezes vindo para o centro.
A quarta e última música tem uma palavra que posso defini-la: Lamento. Cara, a música é pura tristeza, parece um grito de saudade mesmo – precisamos estar felizes ao escutar, senão ficamos ainda mais triste. Li que o título do CD é “A Love Supreme” porque seria uma presenta ao Amor supremo, que é D_us, mas olha, com essa tristeza toda, soa estranho…
E o disco termina assim: triste. Quando estamos escutando o CD, ele recomeça automaticamente, com a aquele acorde explosão-inicial a que me referi.
Não importa o quanto escutemos o A Love Supreme, nunca conseguimos entendê-lo ou decorá-lo, sempre fica parecendo um disco novo.