O motociclista (IV)

Hoje foi minha segunda aula prática de moto.

Me assustei (positivamente) com o progresso. Já não tive mais medo da máquina. Foi a primeira aula onde usei meu próprio capacete, um que custou 120 reais, comprado na Casa do Capacete, com o Albano.

As curvas, que na primeira aula se mostravam verdadeiros monstros, foram realizadas facilmente. Engraçado que as moto-escolas começam pelo mais difícil: fazer as curvas devagar, o que é muito mais complicado! Bem, peguei a manha: é só não ter medo de inclinar a moto, deixar o corpo alinhado com o chassi, não brigar com a força força centrífuga, só compensá-la.

Ganhei confiança na aderência do pneu com o asfalto. Na primeira aula, eu temia que fosse derrapar, que a moto fosse tombar… qual nada! A física ajuda!

Pude hoje, pela primeira vez, acelerar e sentir o vento batendo de frente – foi a primeira vez que tive a sensação de liberdade tão falada, proporcionada pela moto.

Transposto o medo inicial da máquina e das curvas (e já passada a primeira hora de aula, restando ainda mais uma) comecei a treinar parada e saída de moto. Isso mesmo: parada e saída.

A parada não é tão simples. Diferente do carro onde basta pisar no freio e pronto, na moto se precisa saber o momento exato em que ela ainda manterá o equilíbrio, e nesse momento exato se tira o pé do pedal e se apoia no chão. E para alguém do meu tamanho, que usa só a ponta dos pés para conseguir apoiar a moto, havia um desafio adicional…

Ainda não aprendi direito a dinâmica entre freio traseiro e dianteiro, acho que isso só me virá com a prática. Algumas parei só com o dianteiro, outras, só com o traseiro. Sei lá se era porque não estava tão rápido, mas só o freio traseiro bastava para parar a moto.

O outro treino era a saída. Sair sem engasgar, pular ou disparar foi um desafio; assim como um aprendiz no carro, só em umas duas vezes consegui fazer uma saída suave – é que tem um joguinho entre soltar a embreagem com a mão esquerda e acelerar com a mão direita que hoje ainda não ficou bom, pois fiquei racionalizando o tempo inteiro, mas sei que com mais uma ou duas aulas ficara show.

Éramos cinco alunos fazendo o circuito (que os instrutores chamam de “abc”). Eu temia que algum deles perdesse o controle e batesse na minha moto (até porque eu, na primeira aula, vez ou outra não conseguia sequer fazer uma reta decente!) – logo percebi que os outros deviam estar com o mesmo medo; sem querer, eu já estava tendo experiência com o trânsito, ainda que dentro do Centro de Treinamento,

Meu antebraço direito ficou muito doído, sinal de que ainda estou muito tenso, e acelerando com o braço inteiro ao invés de usar apenas o pulso.

Como caca de hoje, consegui acertar um cone (primeira curva mal-feita do dia, ainda não pegara a manhã), ele voou longe – serviu de pretexto para, na próxima volta, eu parar e sair da moto para recolocar o cone no lugar.

Faltava dez minutos para o fim da aula quando o instrutor me disse: agora você vai aprender a passar a marcha! – Aquilo me soou como um prêmio, e sinal de aprovação pelo que eu tinha feito até ali; sinal e que podia passar ao próximo estágio; mas acho que essa passagem suave vai ficar para amanhã; pois hoje,nas quatro passagens de marcha, fiquei pensando em cada movimento, o que fez com que a moto engasgasse, estancasse ou pulasse.

Bem, fiquei feliz, aos poucos estou domando a fera.

Faltam seis aulas...
Faltam seis aulas…

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