Em 1987, chegava uma “Rádio brega”, a “A Crítica FM”

Era assim que ela se identificava: a “Rádio Brega”. E funcionou muito rápido, já que não tínhamos rádio segmentada em FM.

Hoje pode parecer comum uma rádio segmentada – aquela com programação dedicada a determinado gênero – mas naquela época, em Manaus, não existia. O mais próximo do popular em programação era a Difusora FM (e a mais distante, a Cidade FM). Existia até programa segmentado ao extremo, como o “Clube do Rei”, apresentado por Ronaldo Tiradentes na Amazonas FM; mas rádio com 24 horas direcionada a um gênero, não havia; nisso a Rádio A Crítica inovou.

Não havia nada de bom acontecendo em 1987. Vivíamos ressaca de 86, onde teve copa, cometa Halley e eleições. Em 1987 o PLano Cruzado começava a despencar em queda livre. Era uma época em que a parada era dominada, ainda por rock nacional e pop internacional. A MPB deixava de ser moda. Nada de forro-axé-boi-pagode-sertanejo ainda.

Foi nesse vácuo que surgiu uma rádio claramente se auto-denominando “brega”.

“BREGA” é um termo surgido a partir de 1985 (ao menos é quando o ouvi difundido), dado às músicas aboleradas-românticas com temáticas do povo. Não gostavam de chamar tais músicas de MPB, por não serem músicas “chiques”, emtão, criaram o termo “brega”. A primeira música nacional com a alcinha popular de brega foi uma do Moraes Moreira, da trilha sonora da novela “Roque Santeiro”: “Aumente seu volume que o ciúme não tem remédio, não tem remédio, não tem remédio nãããão….; deixe eu penetrar na tua onda, deixa eu entrar na tua sala…” – Algo parecido com isso.

A partir daí, o termo “brega” é usado pejorativamente para algo pobre, menor, embora, dentre os músicos, fica muito claro que é um ritmo, um gênero, muito legal, até meio que ligado ao rock, o “rock-povão” ou algo que o valha. É uma gênero sem ritmo específico, tanto que o Ratinho até tentou trocá-lo para “MPC – Música que o Povo Canta”.

O apresentador que era a cara da rádio era o “bom filho da mãe”, cujo nome não sei, tinha o bordão “mano velho”. Estiloso!

Era sempre um combo de umas 50 (sei lá se era isso, era por aí) músicas realmente pegajosas – certamente houve um gênio por detrás daquela escolha. massificaram tal combo até ganhar a população, funcionou. Em menos de um ano já tinha uma audiência de peso.

Até hoje lembramos boa parte daquele repertório:

  • Seu amor ainda é tudo – João Mineiro & Marciano
  • Garçom – Reginaldo Rossi
  • O colecionar de chifres – Roberto Muller
  • Brega Chique – ?
  • Coração Indeciso – Abílio Farias
  • Maria Madalena – ?
  • Chorando se foi – Márcia Ferreira
  • Estela – Roberto Makassa
  • Pra lá de bagda – ?
  • Cristo Rei – ?
  • A raposa e as uvas – Reginaldo Rossi

 

 

crfm

Eu mesmo, um roqueiro inveterado que em 1987 só escutava Beatles e Iron Maiden, passei a escutar e gostar dessas músicas, smore que eu entrava no Opala do meu pai, no Toyota ou no Gurgel da loja, tratava logo de sintonizar o dial para a “93”.

Nunca mais ouvi a essa rádio, já em 1991 deixei de ser um ouvinte aficionado; nem sei se ainda segue essa linha.

Se você lembra de músicas que tocavam naquele combo inicial da 93, escreve aí nos comentários que eu coloco aqui no post.

 

Esse é meu octocentésimo post do EvangeBlog!
Esse é meu octocentésimo post do EvangeBlog!

4 thoughts on “Em 1987, chegava uma “Rádio brega”, a “A Crítica FM”

    1. está mto vivo!!! agora com sua voz icônica do rádio amazonense através da sintonia das 97,7MHz Encontro das Águas Fm aos domingos apartir das 8h da manhã. 06/08/2023

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