A maldição do “fale com o professor”

Já ministrei aula em cinco faculdades (atualmente estou em três).

Em TODAS elas, sempre que algum aluno procura a direção/supervisão/coordenação/secretaria, em mais da metade dos casos escuta “fale com o professor”.

Esse “fale com o professor” significa umas das quatro coisas:

1 – “Não sei se pode ou não pode”;

2 – “Isso cabe somente a ele decidir”; (única situação legítima para o “fale com o professor”)

3 – “Não quero operacionalizar todo o trâmite que envolve seu pedido (vulgo passar adiante)”; ou

4 – “Não pode, mas eu não quero falar ‘não’ pra você.”

E, em 99% dos casos da quarta opção acima, é por não querer assumir os custos políticos do “não”. Tipo: se der certo, é porque eu não proibir, se der errado, a culpa foi do professor que permitiu. É a versão acadêmica do “fala com a tua mãe”,  quando a filha pede pra sair (se algo acontecer, quem deixou foi a mãe dela).

É que, de praxe no mundo acadêmico, a instrução é não pode isso, não pode aquilo, nem aquilo. Mas na primeira situação de um dos “não pode”, não tarda qualquer dirigente (ou seus auxiliares), ao invés de dizer “não pode”, dizer “fale com o professor”. Normal.

Comigo, a coisa funciona assim, querido aluno, anote: Se a resposta superior foi “fale com o professor”, significa “SIM”. Então, se você me disse “falei com fulano(a) e ele(a) me disse para falar com o senhor”, a resposta é SIM.

O motivo é simples: se o “NÃO” não veio de cima, equivale a assumir qualquer risco do meu “Sim”, já que teve a oportunidade de ter dito o  “não” antes de mim; quem assume o risco da ação ou omissão, arca com a consequência dele decorrente – e a responsabilidade foi do superior que me delegou a decisão, já que poderia tê-la exercido, estou errado?

Então, se você ouviu um “fale com o professor”,  fique feliz, tudo ok, por mim. 🙂

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