Copa de 1982 – A mais lembrada da história

Como pode uma copa, onde o Brasil sequer ganhou, ser lembrada? Caro leitor, não insista, se você não viveu 82, jamais vai entender aquilo. Jamais. Foi a maior, melhor, mais esperada, torcida e lamentada copa de todos os tempos.

O Contexto

O futebol era o único, ÚNICO motivo de orgulho nacional do país; tínhamos a síndrome de vira latas, sendo chamados e autochamados de “terceiro mundo” (termo em moda na época). Enfim, o Brasil era um país ruinzinho;

As rádios foram tomadas de assalto por um sucesso instantâneo: “Você não soube me amar”, da Blitz

Foi a copa que gerou maior expecativa por antecipação. Já todo o ano de 1981 fora tomado por notícias e agitos da copa do ano seguinte;

O brinquedo do ano era o Merlim, um antecessor dos futuros jogos portáteis eletrônicos (ele merece um post exclusivo, um dia escrevo)

Os telejornais era só “guerra das malvinas”. A inglaterra não parava de mostrar ao mundo o seu caça Sea Harrier – que decolava na horizontal; e os Estados Unidos ostentavam os recém-construídos Ônibus Espaciais (Columbia, Challanger, Discovery e Endeavour)

Naquele ano, em Manaus, o noticiário girava em torno das candidaturas para a eleição para governador: Josué Filho x Gilberto Mestrinho.

O Clima

Nem mesmo as copas onde o Brasil sagrou-se campeã são tão lembradas quanto aquela de 82.

O time era dos sonhos (Zico, Sócrates, Falcão, Junior, Cerezo etc)

O Brasil “era” Flamengo, base daquela selação, devido ao rubro-negro ter sido campeão do mundo em 1981. O técnico era amado por todos: Telê Santana, o único que vi, até hoje, não ter sido alvo de críticas generalizadas ao assumir o comando de uma equipe.

É bem verdade que depois o Flamengo entrou em queda, e o Vasco em ascenção.

Havia distribuição gratuita nas ruas de souvenirs, viseiras com as cores verde e amarelo eram atiradas nas ruas.

Cheguei a ver colega meu no Ida Nelson com a camisa da seleção por debaixo da camisa do colégio (como ele passou na entrada, eu não sei!);

Foi a época onde minha geração aprendeu a jogar “bafo”, pois toda criança ou adolescente que se prezasse, naquela época, tinha o álbum da figurinhas da seleção; o tráfico dos cromos inter e entre-salas era corriqueiro;

A queda

O Brasil morreu naquele 5 de julho. Foi uma derrota inconsolável, talvez devido à expectativa. Foi uma semana inteira tétrica. Tudo calado. Até a professora entrou em sala sem ânimo na segunda.

Até o programa “Os Trapalhões” daquele domingo foi triste. Nenhuma matéria além da copa foi veiculada no Fantástico. Ninguém conseguia dizer algo, seri algo a ser elaborado com o tempo.

A revista Placar tinha na capa “Que pena, Brasil!” com foto de jogadores abraços chorando. Foi um clima horrível.

A herança

Para se ter uma ideia, na copa de 1986 (quando esperávamos o Cometa de Halley)o Brasil não tinha ainda assimilado a derrota de quatro anos antes, tanto que houve a re-escalação do técnico Telê Santana! E, pior, cogitou-se que Pelé voltaria a jogar pela seleção (acredite!), naquela copa.

A teoria

Minhas teoria (viagem-conspiração?): O próprio governo Figueiredo urdiu aquela publicidade toda, para conseguir fazer o sucessor dos militares no Colégio Eleitoral, previsto para próximo; acho que se o Brasil tivesse vencido aquela copa, com certeza Paulo Maluf, candidato do PDS (herdeiro da ARENA), teria obtido vitória na eleição (indireta) de 1984.

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