CD “Please Please Me” – Beatles (1963), remaster 2009 [resenha]

No mundo de 2015 onde música é só um arquivo, onde se escuta em iPods e notebooks, o que faria eu gastar 40 reais (mais ou menos o valor da hora-aula que um professor Mestre recebe) em um CD, e com músicas que já conheço?

A experiência de, de novo, “ver” a mídia. É a reedição em CD, remasterizado em 2009, de um disco que comprei em 1986 na Mesbla: “Please Please Me”, dos Beatles; e quando comprei o CD, lá por 1991.

De saída já se vê presenta a máxima de que quando o cara é fã, mesmo tendo a música em MP3 baixada, vai lá e gasta dinheiro mesmo, isso eu sempre digo: quem compra CD não compra só pela “música”, isso já tem na internet; compra por causa da tudo que envolve ter aquela aquela música.

A primeira coisa foi tomá-lo nas mãos. Peso. Havia “algo” ali. Abrir o saquinho me remeteu a quando rasgávamos o saquinho dos LPs sem sabe o que tetá lá. De alguma forma eu já sei, mas não sei. Sei que está gravado, mas não sei como aquilo está acondicionado.

Tentaram imitar tanto quanto possível a capa original do lançamento inglês da EMI da época. Isso foi legal. Essa capa tem cara de primeiro disco mesmo, os quatro lá, o nome da banda, o nome dos singles que tinham estourado e tals. O “stereo” que aparece na cama, novidade em ascensão, na verdade não é estéreo, como está escrito no próprio livrinho, é “falso estéreo”, onde se modifica o som de um mesmo canal para ficar ligeiramente diferente no outro;

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As fotos da banda em um campo com objeto velhos, ermo, me lembrou aquele junho de 1993 quando a Alta Ralé também procurou um terreno ermo pra fazer as primeiras fotos de divulgação;

Infelizmente não dá pra ver o CD girando no som do carro – então, manusear a capinha foi o máximo de experiência física e tátil gerada;

No som, fico tentando captar dali a tensão de terem poucas horas e precisarem tirar o maior resultado possível (sei bem o que é isso, em estúdio, tempo é dinheiro mesmo, literalmente, e até pelo minuto ser caro, parece que o tempo passa mais rápido!);

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Quanto às músicas, todas tem algo em comum: a empolgação está estampada no som! Gravado em sete horas e quarenta e cinco minutos naquele fevereiro de 1963, são alegres, parece que prontas pra vender mesmo.

O ponto baixo das musicas é a “Love me do”, sempre me pareceu que essa música te mais méritos por ser dos Beatles do que por ela mesma. Nunca gostei, exceto por toda a história envolvida nela.

A “There´s a Place”, que em 1987 eu ouvia direto, tem o mérito de ter quatro partes de movimento distintos em uma música de curtíssima duração;

O ponto alto do disco é a “Please Please Me”, está tudo lá: vocal dobrado, sons em terça, vocal pergunta-resposta, empolgação, vontade de sair pulando quando se escuta – parece que foi feita pra ser tocada ao vivo.

O coral de “A Taste o Honey” consegue ser suave e cortante ao mesmo tempo, sempre fico pensam em como aquilo foi gravado, isso sem falar daquele reverb absolutamente pirante da faixa.

Aquela “Baby it´s you” até hoje me intriga: sonoridade e afinação perfeita, nuances que sabe-se lá como aquilo foi gerado.

“Twist and Shout” gruda e não sai nunca mais desde a primeira audição, desnecessário dizer.

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